Romênia: 15 mil professores em greve protestam por melhores salários

Professores exigem melhores salários e infraestruturas nas escolas
Professores declararam greve por melhores salários na Romênia. Foto: Reprodução

Romênia: 15 mil professores em greve protestam por melhores salários

Professores exigem melhores salários e infraestruturas nas escolas

No dia 25 de maio, 15 mil professores protestaram em Bucareste, capital da Romênia, por melhores salários e infraestrutura nas escolas. Os trabalhadores estão há quatro dias em greve nacional por tempo indeterminado. Eles denunciam a perda real do salário frente à inflação e o aumento da exploração, que geram como consequência péssimas condições de trabalho e estudo para professores e estudantes.

O protesto concentrou-se em frente à sede do governo e reuniu centenas de estudantes, pais e outros apoiadores da massiva mobilização, além dos milhares de profissionais da educação. Trabalhadores que passaram pela manifestação interromperam seu trajeto para assistir e aplaudir o protesto. 

Durante o protesto, os professores voltaram a exigir as principais demandas da greve: o pagamento de horas extras, reajustes salariais atrelados à inflação, aumentos salariais mais frequentes ao longo da carreira, baseados em qualificações e tempo de trabalho e mais investimentos na infraestrutura escolar e suprimentos para os professores. 

A nova greve empreendida pelos professores romenos é a primeira desde 2005. A mobilização já atingiu mais de 150 mil professores em todo o país, desde o ensino primário até o secundário, além de dezenas de milhares de trabalhadores administrativos. A greve conquistou também apoio dos professores universitários, que realizaram uma greve-relâmpago de duas horas no dia 22/05 em solidariedade aos profissionais do ensino primário e secundário.

A professora universitária Lidia Sava denunciou ao monopólio de imprensa RadioLiberty que: “aqueles que trabalham no sistema [educacional] se levantaram porque o baixo salário os força a trabalhar em dois ou três empregos. Eles chegam [para dar aulas] às crianças cansados, e eles não têm satisfação profissional nem material”.

Esse novo ascenso do movimento de professores iniciou-se em dezembro de 2022, mês em que os professores começaram a protestar por melhores salários. Desde então, o governo oportunista da Romênia não ofereceu nenhuma proposta razoável aos professores. Na última oferta, negada pelos professores, o governo ofereceu dois bônus de pagamento único, um a ser pago em junho e um a ser pago em julho. A proposta não contemplou aumentos salariais, compensação da inflação e nem pagamentos de hora extra. 

A luta dos trabalhadores da educação na Romênia, apoiados pelos alunos e responsáveis, é evidência de como as massas do mundo não suportam mais a superexploração, a restrição do direito de aprender, a falta de um ensino público e de qualidade e a privação do conhecimento científico. 

Os professores romenos não suportam mais longas jornadas de trabalho por salários incapazes de cobrir a inflação. No país, as remunerações dos professores são em torno de 2,4 mil lei (R$ 2,5 mil), enquanto profissionais mais antigos só chegam a receber em média 4,5 mil lei (R$ 4,6 mil). No outro lado, a inflação atingiu 11% nos itens gerais e quase 20% sobre alimentos e bebidas. Junto aos professores, os alunos rechaçam cabalmente a manutenção de um sistema educacional responsável por formar jovens sem conhecimento científico e técnico de qualidade. Em 2019, 40% dos romenos de 15 anos não tinham conhecimentos apropriados para leitura, matemática, ciência e assuntos sociais, segundo dados da própria União Europeia. 

É uma realidade que carrega profundas similaridades com a do Brasil, país em que os profissionais da educação lutam há meses em diversos estados pelo pagamento do piso nacional e, junto com os estudantes, empreendem uma vigorosa campanha pela revogação do anti-científico Novo Ensino Médio (NEM).

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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