A morte por atropelamento das guarani mbya Patrícia Fernandes, de 9 anos, e Zélia Fernandes, de 21, no município de Barra do Ribeiro, no Rio Grande do Sul, antes de ser uma mera fatalidade é expressão da falência da política de demarcação de terras indígenas do velho Estado, que mantém milhares de indígenas acampados nas margens das rodovias estaduais e federais por todo o país.
As duas jovens irmãs foram atropeladas por volta das 6h30min de 5 de fevereiro ao tentarem atravessar a BR-116, na altura do quilômetro 318, quando saiam da área indígena Passo Grande em direção a aldeia Guapoy, onde residiam. O motorista do veículo não prestou socorro às vítimas. Além disso, Sérgio Benites de 16 anos de idade também foi atropelado, mas sofreu escoriações leves.
A aldeia Guapoy integra a reserva Guarani Mbya situada próximo a BR-116, rodovia de intenso fluxo de veículos. A reserva é composta por quatro aldeias, contando com 18 famílias que vivem e resistem sem saneamento básico, posto de saúde e escola.
“A vida indígena é uma grande preocupação, passamos por discriminação, preconceito, com o perigo do asfalto e com mortes impunes todos os anos. Pelo impacto e pelas consequências do acidente, pudemos ver que o motorista estava em alta velocidade, e sequer tentou frear, pois não deixou nenhuma marca de pneus na estrada”, denunciou o cacique Santiago Franco em entrevista ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi).