Nesta quinta-feira, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou manifestações, em abertura ao mês da mulher proletária, contra a parcialidade do governo diante da nociva produção da silvicultura. As manifestações eclodiram em diversas cidades do Rio Grande do Sul (Guaíba, Pelotas, Santana do Livramento e Tupanciretã).
O município de Tupanciretã foi marcado por esta manifestação que teve início em frente ao fórum. Onde as camponesas carregavam cartazes que denunciavam os crimes do latifúndio contra o meio ambiente e a produção dos camponeses, convocando as mulheres à luta, como dizia em um cartaz: “‘Agronegócio’ é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital!”.
As camponesas pressionaram o judiciário no sentido de reavaliar a lei nº 14.876/2024, que removeu a silvicultura da lista de atividades potencialmente poluidoras, permitindo sua produção sem licenciamento ambiental prévio, tornando-a também isenta de taxa de controle e de fiscalização ambiental.
Esta medida beneficia a transnacional chilena CMPC, que, inclusive, junto com o governo de Eduardo Leite (PSDB), dedicará à expansão de instalações industriais da produção de celulose o valor de R$ 25 milhões, mantendo o jugo burocrático das fiscalizações ambientais sobre os camponeses.
O valor de R$ 25 milhões compreende também a expansão da monocultura da silvicultura, indo de 1 milhão de hectares para 4 milhões, isso em regiões de predomínio do bioma pampa, muito prejudicado por esta produção extensiva.
As camponesas alertam que o bioma pampa, segundo bioma mais degradado do país, atrás somente do bioma da mata atlântica, é prejudicado pela produção extensiva da silvicultura, visto que esta demanda alto consumo de água, em um estado marcado pela estiagem e por recentes desastres ambientais.
Enquanto o inescrupuloso governo estadual destina R$ 25 milhões à transnacional chilena CMPC, os camponeses se encontram abandonados no meio das mudanças climáticas, onde não receberam auxílio nenhum decorrente das estiagens, como relata a camponesa: “Para você ver a diferença, para a agricultura familiar nada, e para a empresa estrangeira R$ 25 milhões”, ou como outro camponês relata: “O estado tem nos deixado esquecido, não enviando documentos, dificultando acessar os recursos federais”.