Na manhã desta terça-feira, dia 3, 180 famílias camponesas ocuparam duas fazendas no município de Pedras Altas, na região sul do Rio Grande do Sul. Os camponeses se deslocaram de Hulha Negra, outra cidade da região com presença do movimento de luta pela terra e que conta com assentados de diversas partes do estado há mais de um ano. A ocupação é parte da ação Natal com Terra, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem como objetivo pressionar o governo federal para que acelere o processo de vistorias e compra de terra.
Além de Pedras Altas, o movimento iniciou uma vigília no Incra de Porto Alegre, como parte da ação de cobrança do velho Estado pelo processo de “Reforma Agrária”, sem previsão de término. Os camponeses exigem que o Governo Federal acelere as vistorias e compras de terras para possibilitar o assentamento de cerca de 1,5 mil famílias que seguem acampadas no estado. O MST possui acampamentos na sede do Incra, em Porto Alegre e em outras cidades como Encruzilhada do Sul e Tupanciretã.
A campanha destaca o fato de que fazem mais de 10 anos que não ocorre nenhuma ação de reforma agrária no RS. O movimento destaca que “o projeto para um Brasil sem fome passa pelo acesso à terra e produção de alimentos saudáveis para o povo”.
De acordo com João Onofre, coordenador estadual do MST:
“Viemos para cá num grupo de 250 famílias numa vigília no Incra para cobrar agilidade na efetuação no negócio de aquisição de áreas aqui no Rio Grande do Sul. A previsão de sair dessas áreas era ainda este ano, o que não aconteceu até agora. Então viemos por tempo indeterminado reivindicar que cumpram com a agenda. São famílias que aguardam terras há mais de uma década. Não saímos daqui sem uma conquista. Nosso lema é Natal com terra. Então as famílias vão permanecer aqui até obterem suas terras. Estamos aguardando que Brasília se manifeste para conversar conosco para agilizarmos essa negociação”
A ação realizada pelas famílias logo despertou a ira de grupos reacionários e lacaios do latifúndio. Invocando a necessidade de “segurança jurídica” para os “produtores”, os latifundiários gaúchos acusaram os camponeses de invasores e demandaram a ação das forças de repressão. A deputada estadual Adriana Lara (PL), enviou um ofício ao secretário estadual da casa civil do RS, Arthur Lemos, solicitando o reforço imediato das forças de segurança nas propriedades privadas de Pedras Altas.
Os acontecimentos são mais demonstrações de que a luta pela terra se encontra em uma tendência geral da agudização, que cruza o país de Norte a Sul, atravessando inclusive a luta indígena e quilombola, fatos que têm sido diariamente noticiados no portal de AND.