RS: Carnaval é marcado por forte repressão policial na capital gaúcha

O policiamento ostensivo na Cidade Baixa (CB) durante o carnaval em Porto Alegre foi resultado de uma decisão de Sebastião Melo (MDB) em vetar os blocos de rua independentes na cidade baixa, desencadeando uma repressão indiscriminada ao povo presente na rua.
Foto: reprodução/Jonas Tiago

RS: Carnaval é marcado por forte repressão policial na capital gaúcha

O policiamento ostensivo na Cidade Baixa (CB) durante o carnaval em Porto Alegre foi resultado de uma decisão de Sebastião Melo (MDB) em vetar os blocos de rua independentes na cidade baixa, desencadeando uma repressão indiscriminada ao povo presente na rua.

Em entrevista ao programa Esfera Pública, ligado ao monopólio de imprensa Rádio Guaíba, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) afirmou que:

“O MP recomendou que não deve ocorrer Carnaval na Cidade Baixa. Essa polêmica é antiga. Não quero briga. Sou de diálogo. O espaço público precisa ser usado com liberdade e responsabilidade. Normas de convivência não podem ser ignoradas. Há frequentadores, comerciantes e moradores. Não terá baderna no Carnaval nem fora do Carnaval”

O local que, de acordo com Melo, deveria ser utilizado com liberdade e responsabilidade, trouxe com o policiamento ostensivo uma repressão indiscriminada ao povo que estava presente nos blocos de rua da Cidade Baixa, tradicional bairro boêmio da cidade, contradizendo a demagogia utilizada pelo prefeito durante a entrevista.

Sobre a recomendação do Ministério Público (MP), citada por Melo, refere-se a um ofício emitido pelo MP, assinado juntamente pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, que determinou que somente fossem realizados eventos fora do miolo da Cidade Baixa. A decisão foi tomada durante uma reunião da Secretaria Municipal de Cultura junto ao MP na quarta-feira (26/2), onde a Prefeitura não autorizou a realização de nenhum evento de carnaval de rua na Cidade Baixa – o motivo, ironicamente, seria por “impossibilidade de garantir a segurança dos frequentadores, moradores e comerciantes”.

Gravações feitas pelos frequentadores dos blocos de rua na madrugada do último sábado (01/03), mostram um verdadeiro show de violência gratuita empenhada pela PM na Cidade Baixa. Entre diversos casos de violência, o mais chocante foi o espancamento e estrangulamento de uma mulher trans que frequentava o carnaval de rua, apoiando o joelho contra o pescoço dela, enquanto jogavam spray de pimenta em seu rosto. Mesmo após gritos de “estou rendida, parem”, as agressões não cessaram, onde a PM dispersou o povo que assistia à cena aterrorizado com tiros de bala de borracha e sprays de pimenta, posteriormente declarando voz de prisão à jovem, que foi algemada e conduzida para o camburão, batendo propositalmente a cabeça da mesma contra a estrutura metálica do veículo.

militantes do PCBR atingidos por balas de borracha. Foto: reprodução/PCBR Instagram.
militantes do PCBR atingidos por balas de borracha. Foto: reprodução/PCBR Instagram.

Em denúncia no Instagram, o portal ‘Em defesa do comunismo’ denunciou que a violência cometida contra a jovem foi uma tentativa de homicídio, uma vez que a PM assume o risco de ter matado a jovem durante as ações truculentas. Caso semelhante ao da líder comunitária Jane Beatriz, assassinada pela PM durante uma abordagem truculenta em sua residência. A jovem agredida durante o carnaval de rua na Cidade Baixa seria uma militante ligada ao PCBR, expondo imagens chocantes da mesma sendo agredida e de outros militantes que foram atingidos por balas de borracha. Diversos grupos convocaram um ato pelo fim do policiamento ostensivo na cidade baixa, realizado na última terça-feira (4/3) no largo Zumbi dos Palmares.
O AND denunciou em 2023 a crescente onda de violência policial no estado do Rio Grande do Sul, expresso por uma crise geral do velho estado que desencadeou verdadeiros banhos de sangue praticados pelas forças especiais contra o povo.

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