A empresa Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) está sendo investigada pela Defensoria Pública por irregularidades na cobrança de pedágios nas rodovias em que opera. A empresa administra 271,5 km de rodovias no estado, principalmente na região da Serra Gaúcha e Vale do rio Caí, e aplica um sistema abusivo para endividar motoristas que utilizam suas rodovias.
A CSG, que recebeu a concessão do governo do estado em 2023, utiliza pedágios “free-flow”, instalações sem cancela que não usam funcionários, e automaticamente identificam as placas dos veículos que trafegam pela rodovia. Após passar por um dos pedágios, o dono do veículo tem 30 dias para se cadastrar no site da empresa para finalmente pagar o valor do pedágio, detalhe, não há instrução alguma, nem aviso, para os que trafegam pelas rodovias, sobre como acessar a página ou que estão devendo alguma coisa.
A medida é uma clara tentativa de lucrar com o endividamento dos que utilizam as rodovias para se locomover, que são, principalmente, os camponeses e operários que devem se deslocar entre os municípios para trabalhar.
A Defensoria Pública do estado abriu um Procedimento para Apuração de Dano Coletivo para investigar a empresa após uma leva de denúncias sobre a cobrança abusiva nos pedágios, de acordo com os números divulgados pela Defensoria, mais de 254 mil multas serão investigadas.
Não é a primeira vez que a CSG sofre denúncias por esse tipo de exploração. Em fevereiro e março deste ano, e em setembro de 2023, moradores da região do Vale do rio Caí protestaram contra a instalação de pedágios que pertenciam a CSG, que cobravam valores altíssimos (chegando a mais de nove reais, na ida e na volta) para os operários e camponeses que tinham que se deslocar de seus municípios todos os dias para trabalhar.
Em Portão, na zona metropolitana de Porto Alegre, a empresa bloqueou com pedras ruas que davam acessos a desvios do pedágio para obrigar os moradores a pagarem, quando jovens tentaram remover as pedras, foram detidos pela polícia.