RS: Estiagem já afeta mais de cem mil gaúchos

A estiagem já afeta mais de cem mil gaúchos, 37 municípios decretaram situação de emergência até o momento. Os que mais sofrem são os camponeses pobre
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RS: Estiagem já afeta mais de cem mil gaúchos

A estiagem já afeta mais de cem mil gaúchos, 37 municípios decretaram situação de emergência até o momento. Os que mais sofrem são os camponeses pobre

Até então, 37 municípios gaúchos decretaram estado de emergência, onde 124 mil pessoas, principalmente camponeses pobres, foram afetadas pela crise de abastecimento de água em diversas regiões do estado. Com o aumento da temperatura durante o resto do verão, a tendência é que mais pessoas sejam diretamente atingidas pela seca.

Na região das Missões, onde se encontram seis dos municípios atingidos pela estiagem, cerca de 300 famílias estão sofrendo com a falta de água. O município de Porto Lucena é o mais impactado, com 177 famílias que dependem de caminhões-pipa.

A estiagem também atinge famílias no entorno do rio Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Em um relato ao monopólio de imprensa Correio do Povo, um morador de Gravataí, que há 40 anos viva da pesca realizada no rio, afirmou que: “Com o rio represado, os peixes ficam perto das margens, acumulados em áreas específicas, o que acaba auxiliando a captura. Mas sei que a situação vai piorar, porque logo terá início a mortandade das espécies. Estou em uma corrida contra o tempo(…)” 

As grandes vítimas da seca são os camponeses pobres e pequenos produtores – como demonstram os dados e relatos apontados – pessoas que dependem dos rios e açudes dos quais realizam atividade agrícola familiar, onde os fatores causados pela seca prejudicam seu sustento. Além disso, os impactos ambientais causados nas regiões onde essas famílias que dependem das atividades realizadas às margens dos rios, são diretamente desencadeados pelo assoreamento advindo da exploração da região pelo latifúndio monocultor. Os camponeses pobres, uma vez que suas atividades em suas pequenas propriedades foram impactadas pela seca, se veem sem escolha senão trabalhar deixar de trabalhar na própria terra para trabalhar nos grandes hectares do latifúndio.

Apesar de anos de impacto aos camponeses pobres e pequenos produtores, o governo de Luiz Inácio (PT) a cabresto do latifúndio, preferiu auxiliar os grandes proprietários de terra. Em 2024, o governo federal antecipou a repactuação de dívidas do latifúndio causadas pela baixa produtividade da soja. No início do mês de fevereiro deste ano, em dados divulgados pelo sindicato dos trabalhadores na agricultura do Rio Grande do Sul e pela secretária de agricultura do estado, mostraram uma redução prevista de 40% na safra da soja, número que pode aumentar nas próximas semanas. O socorro para os parasitas endividados do latifúndio virá em forma do plano safra de 2024, que vai destinar mais de 400 bilhões para principalmente desafogar os “produtores” improdutivos da soja e do gado.

Pampa é o bioma mais degradado do país

O impacto mais profundo da estiagem no estado ocorre na própria natureza. Em 40 anos, o pampa foi reduzido em 30%, mais de 3 milhões de hectares foram desmatados pelo latifúndio para a monocultura extensiva, principalmente para o cultivo da soja e o plantio do eucalipto, ambos produtos de utilidade quase nula para o povo e para a economia nacional, sendo utilizados quase que exclusivamente para alimentar o mercado mundial.

O uso agressivo do solo, combinado com a estiagem constante, leva à secagem dos açudes e à transformação dos campos em areias, solos inúteis para qualquer cultivo e impróprios para a biodiversidade do pampa, que apesar de constituir apenas 2% do território nacional, tem a maior biodiversidade por metro do país. Mais do que a redução da natureza, a secagem de açudes, córregos, rios e a impossibilidade de cultivar são o que leva à ruína do campesinato, principalmente pobre, sem terra e indígena.

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