RS: Estudantes ocupam casas do centro de eventos na UFSM para exigir moradia provisória

RS: Estudantes ocupam casas do centro de eventos na UFSM para exigir moradia provisória

Foto: Marcelo Martins/Gaúcha SM

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou o ano letivo com falta de 120 vagas de moradia estudantil provisória e, para reivindicar suas vagas na moradia provisória da universidade, 15 alunos ocuparam Casas do Centro de Eventos do campus na sexta-feira, dia 8 de março.

Segundo o Pró-Reitor, “a ocupação teve início na sexta-feira (8), sendo que as vagas para a moradia provisória seriam abertas apenas na segunda. Com isso, as negociações começaram ainda no sábado, para que cada caso fosse regularizado”. Isso evidencia que a combatividade dos alunos está, como sempre, surtindo efeitos e provocando mudanças.

De acordo com o jornal Diário de Santa Maria, “com isso, neste ano, a Universidade limitou em 330 o número de vagas para a moradia provisória, concedida para quem tem direito ao benefício, mas que ainda aguarda por um espaço definitivo nas unidades da Casa do Estudante Universitário (CEU). Como os pedidos eram superiores à capacidade – cerca de 380 solicitações – muitos alunos ocuparam áreas como as estruturas no Centro de Eventos.” (negrito do autor).

O jornal AND entrevistou dois estudantes envolvidos com a ocupação: Luiz Gustavo, da Diretoria da CEU e Victória, caloura de Relações Públicas, que está ocupando a Casa de Eventos junto da Diretoria.

Luiz explica a situação: “No primeiro momento fomos nós que ocupamos, para garantir que os calouros tivessem onde ficar, a gestão das vagas da casa somos nós da diretoria que fazemos. Estamos tentando o mais rápido possível encaminhar o pessoal das moradias provisórias que já tem o BSE (Benefício Socioeconômico) ativo, mas a universidade em si tem lavado as mãos e dito que não pode fazer nada”.

De acordo com o estudante, há sim um problema nas vagas da CEU, que precisa ser expandida, luta a qual eles também reivindicam. Entretanto, é mais urgente que os estudantes tenham uma moradia provisória, pois dessa forma, o ingresso na CEU, pode demorar, mas é garantido.

Quando questionado sobre a necessidade da ocupação, ele responde: “Extremamente necessária. Desde 2016 a união universitária tem sido insuficiente para demanda de calouros que chegam. Tanto é que nos outros anos houveram ocupações no centro de eventos também e elas aconteceram de uma forma mais ‘tranquila’. Nesse ano tudo tem sido mais turbulento porque o espaço do centro de eventos foi todo ‘dado’ para a AGITTEC que é meio que uma porta de entrada pra empresas privadas dentro da universidade”.

Já Victoria, caloura de Relações Públicas, relata que está há um mês vivendo “na casa dos outros” por falta da moradia provisória: “A Diretoria da Casa de Estudante II estava desde janeiro tentando negociar a abertura da União antes do dia 11, sexta feira (8) houve uma reunião com a Prae e eles disseram que não haveria discussão sobre isso. Chegaram várias pessoas e aí fizemos uma assembleia com os moradores da CEU, os calouros e a diretoria, aí chegamos no acordo de ocupar, quase unânime. Ocupamos a União até domingo (10) e conseguimos que a Prae desse ficha também para os calouros. Domingo já eram quase 120 pessoas na ocupação, e segunda teve uma fila enorme lá na Prae, entregaram algumas fichas até certo ponto e às 17 mandaram todo mundo embora”.

Sobre a situação dos alunos e pais, diz que haviam “famílias que tinham que ir embora para pegar ônibus e não sabia onde o filho menor de idade iria dormir… um pai com câncer disse que passou a manhã e tarde no sol, negaram água e banheiro, e ele teve que fazer xixi no mato. Deixou a filha para nós cuidarmos. Era uma multidão saindo chorando, gente desistindo da faculdade. Aí ocupamos o Centro de Eventos (que em outros anos já foi ocupado) junto com os pais e calouros”.

A aluna reafirma as exigências dos estudantes: “Temos vagas na própria casa de estudante, algumas na união, e nas casas do centro de eventos. Esses jovens estão todos na lista de espera, que eles dizem que levam de 15 a 20 dias. Queremos acelerar o processo do deferimento do BSE pra liberar a União, e ir encaminhando o mais rápido possível pros apartamentos, para liberar as vagas. Também queremos que a diretoria e o DCE façam reuniões durante o semestre, para os próximos semestres. Já que a luta não é só para o primeiro semestre, é pelo direito de moradia estudantil para todos, sempre. Porque sempre foi uma luta, a própria união começou em 1989 com uma ocupação”.

A Universidade ameaçou os estudantes de reintegração de posse para a quarta-feira, dia 14, entretanto, os alunos continuam firmemente inclinados a seguir a ocupação, até que a situação se estabilize. Garantindo assim moradia estudantil para si, e seus colegas.

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