De 18 a 27 de novembro passado, uma comitiva do governo do estado liderada pelo governador Eduardo Leite (PSDB), realizou uma missão à China e ao Japão para reunir-se com representantes de empresas destes países imperialistas. Na comitiva estavam presentes representantes do executivo, legislativo, da Agência de Desenvolvimento do RS (Invest.RS) e empresários. Sob os títulos de busca por “investimentos em energia renovável” e “resiliência climática” os interesses do latifúndio e da grande burguesia foram favorecidos nos acordos com o imperialismo.
Ao visitar Pequin, na China, a comitiva reuniu-se com representantes da Build Your Dreams (BYD) e Huawei, e participou do evento China International Supply Info (CISNE) onde contou com estande próprio e único no evento.
A BYD, empresa de automóveis elétricos, já foi denunciada na obra de construção de uma fábrica na Bahia. A empresa chinesa manteve cerca de 500 operários em condições degradantes de trabalho: sofriam agressões físicas, não tinham acesso a água potável, alojados em espaços sujos e aglomerados, se alimentando de sopas servidas em caixas térmicas e trabalhando 12h por dia de domingo a domingo.
Ainda em 2023, o vice-governador Gabriel Souza liderou outra missão à China, reunindo-se com empresas do agronegócio para expansão de plantas frigoríficas na área de suínos, bovinos e aves, buscando também investimentos nas áreas de energias renováveis.
A China é o principal destino da exportação agrícola do RS e as reuniões bilaterais feitas com as empresas chinesas são sinal do aprofundamento dos vínculos com o social-imperialismo chinês. Anualmente são faturados pelo latifúndio no RS quase R$5 bilhões em exportações. Segundo estudo de Fabrizio Pazini, até 2030, esperam-se R$16,2 bilhões com exportações de commodities da região sul, tendo na liderança o RS com aproximadamente R$7,6 bilhões. A China foi a principal responsável por manter altos os lucros dos latifundiários que dos anos de 2012 a 2021 cresceram em 11,9% as exportações ao país.
Acordos com o imperialismo japonês ameaça camponeses no RS
No Japão, a missão cruzou as cidades de Himeji, Shiga, Tsukuba, Saitama, Shenzen e a capital Tóquio. Ao longo oram visitadas as sedes das empresas Mitsubishi Heavy Industries, Toyota e Shizen Energy. Esta última com a qual foi firmado um memorando para estudo da instalação dum parque eólico offshore no litoral gaúcho, para além disso, foram visitados centros de referência em resiliência climática como o Metropolitan Area Outer Underground Discharge Channel.
O memorando da instalação do Parque Eólico, é uma questão perigosa para as comunidades que vivem no litoral gaúcho. Como reportado pelo portal Marco Zero, que cobre há tempos a questão dos parques eólicos, esse tipo de empreendimento promove a expulsão de camponeses, que desenvolvem problemas de ansiedade, estresse e depressão causados pelos ruídos das máquinas, obrigando as populações locais a venderem seus terrenos e esvaziarem o espaço, não obstante sob pressão para assinarem contratos com as empresas.
O governo do estado utilizou a propaganda de promover o uso de “energia limpa e renovável” ao assinar o acordo com o imperialismo japonês, que se favoreceu ao expandir seus capitais.
“Desenvolvimento sustentável” para ofuscar culpa na catástrofe das enchentes
Nas visitas da comitiva foram anunciados os ditos “projetos de resiliência climática” – isto é, meios e estruturas de prevenção e proteção contra eventos climáticos extremos – e desenvolvimento sustentável. Sob este slogan, o governador tentou utilizar da missão para atenuar a sua responsabilidade sobre as consequências catastróficas das enchentes ocorridas em 2024.
Recorda-se o fato do corte de orçamento para a Defesa Civil feito pela atual gestão: de 2022 a 2023 foi diminuído de R$1 milhão para R$100 mil reais, para 2024 o orçamento ficou em apenas R$50 mil reais. Com os cortes, Eduardo Leite sabotou justamente um dos meios de prevenção a desastres.
Tentando ofuscar a realidade, o governador ainda reforçou que “[…] será uma vitrine para o Rio Grande do Sul no cenário internacional […]”.