RS: Imigrantes e indígenas são submetidos a servidão nos latifúndios da serra gaúcha

Dezenas de camponeses em situação “análoga à escravidão” (servil) foram resgatados em todo o estado, principalmente imigrantes e indígenas
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RS: Imigrantes e indígenas são submetidos a servidão nos latifúndios da serra gaúcha

Dezenas de camponeses em situação “análoga à escravidão” (servil) foram resgatados em todo o estado, principalmente imigrantes e indígenas

No final de janeiro e início de fevereiro, dezenas de camponeses em situação “análoga à escravidão” (servil) foram resgatados em todo o estado do Rio Grande do Sul. A grande maioria trabalhava na colheita de uvas e praticamente todos são imigrantes ou indígenas.

No dia 8 de fevereiro, o monopólio de imprensa divulgou que 18 camponeses Kaingang haviam sido “resgatados” da vinícola onde trabalhavam, em Bento Gonçalves, na região da serra gaúcha. A descoberta só ocorreu após dez trabalhadores irem à assistência social da cidade denunciar que haviam sido despejados pelo latifúndio sem receberem nenhum pagamento após mais de um mês trabalhando nas colheitas. Além disso, no galpão onde moravam, o latifúndio vendia aos camponeses itens básicos de higiene, como papel higiênico. 

Os camponeses afirmaram que foram aliciados pela promessa de uma empresa que oferecia a diária de até 150 reais para o trabalho na colheita da uva, porém o monopólio de imprensa não divulgou o nome da empresa.

No dia 2 de fevereiro, 18 imigrantes vindos da Argentina foram encontrados trabalhando em regime de barracão, também em uma vinícola, em São Marcos, na região da Serra Gaúcha. No mesmo dia, mais três argentinos foram encontrados em uma fazenda de erva-mate, em Arvorezinha, novamente na região da serra gaúcha.

Já no dia 3 de fevereiro, 9 trabalhadores foram encontrados em regime de servidão em Flores da Cunha, novamente na Serra Gaúcha e novamente em uma vinícola. Desses nove camponeses, oito eram argentinos.

Ainda no dia 30 de janeiro, mais quatro trabalhadores foram encontrados em outra vinícola de São Marcos. O monopólio de imprensa não divulgou os nomes dos proprietários nem das empresas responsáveis pela “contratação” dos camponeses.

Servidão aumenta conforme aumenta a crise

O “trabalho análogo à escravidão” não é nada mais que um outro nome para o regime do barracão, a servidão feudal ainda muito viva no Rio Grande do Sul, mantida pelo latifúndio. Em 2023, o jornal estudantil da faculdade de jornalismo da UFRGS, o Humanista, descobriu que o “trabalho análogo à escravidão” havia quadruplicado desde 2020. Naquele ano, mais de 200 trabalhadores foram resgatados apenas em Bento Gonçalves.

No entanto, os números de trabalhadores resgatados não representam nem uma fração do verdadeiro número de camponeses submetidos à servidão no estado. Fora do país, a crise na Argentina, que é apenas uma particular na crise geral que arrasa toda a América Latina, leva os argentinos, principalmente jovens do interior, a procurarem trabalho no Brasil, onde são submetidos a mais brutal servidão e miséria nas mãos do latifúndio.

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