Na última quinta-feira, dia 5 de dezembro, o atual prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, anunciou no monopólio de imprensa a concessão do Departamento municipal de água e esgoto (DMAE) para a iniciativa privada. O projeto que o prefeito chama de “parceirização” prevê a execução dos serviços de saneamento pela iniciativa privada. Conforme afirma Melo, a medida será encaminhada para a Câmara dos Vereadores e prevê oficialização nas próximas semanas.
“Eu sempre disse, mesmo antes de ser prefeito, que aquilo que é dito na eleição deve vir para a vida real, no exercício do mandato. Eu disse durante toda a campanha que, se fosse reeleito, eu levaria a cabo a ‘parcerização’ do Dmae”, justifica Melo em entrevista ao Monopólio de imprensa Correio do Povo. Na mesma entrevista, Melo enfatiza que a receita advinda da concessão será usada para a drenagem urbana, a limpeza das tubulações pluviais que levam a água da chuva para o rio.
Sua “justificativa” não engana ninguém, se já estava planejando privatizar o DMAE, para que justificar que o lucro será usado para supostamente reparar os disfuncionais sistema de proteção contra a enchente da capital? A concessão do saneamento municipal para a iniciativa privada prevê uma nova e mais elevada catástrofe pública, já evidenciada pelo sucateamento do sistema de prevenção contra as enchentes, responsável pelo alagamento da capital em maio de 2024.
O povo de Porto Alegre conhece bem os efeitos da “parceirização” com a experiência da privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), vendida em 2021 ao grupo Equatorial por míseros 100 mil reais, imediatamente demitindo mais da metade do quadro de funcionários e piorando severamente o serviço de energia elétrica na região metropolitana.
No início de 2024, protestos ocorreram por toda a região após fortes temporais deixarem mais de 1,2 milhões de pessoas sem luz, algumas por diversas semanas. Mais recentemente os escândalos dos apagões na região sudeste do país e o caso de incêndio no Metrô em Águas Claras – DF mostram a precarização que a iniciativa privada provoca nos serviços públicos.