No dia 10 de julho, moradores do bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, bloquearam a rodovia BR-290, em protesto contra o descaso do velho estado. Os moradores, que vivem na vila Areia e vila Tio Zeca que fica às margens do Guaíba e foi completamente submergida durante as chuvas de maio, cobram a entrega de mais de seiscentas moradias para que seja finalizada a construção da nova ponte do Guaíba, que passará por cima das duas vilas.
Os moradores bloquearam a rodovia por volta das quatro horas da tarde, fazendo um cordão humano que interrompeu completamente o trânsito por cerca de quarenta e cinco minutos, até um grande contingente da polícia rodoviária federal, armados de fuzis e utilizando equipamento para a guerra, forçaram os moradores a abrir gradualmente as vias. O protesto durou cerca de duas horas e contou com a presença de cerca de cinquenta pessoas.
As vilas Areia e Tio Zeca ficam no caminho de um trecho planejado da nova ponte que liga Porto Alegre a outra margem do Guaíba. Desde 2020 as obras no trecho das vilas estão abandonadas, mas no início deste ano, o ministro da casa civil Rui Costa disse ao monopólio de imprensa GZH que “Não podemos esperar casas ficarem prontas para concluir o viaduto”, e afirmou que colocaria as famílias cadastradas no “aluguel social”, cujo benefício de ridículos 400 reais é mais um incentivo para erguer barracos em outros terrenos do que alugar casas ou apartamentos. Hora, e os trabalhadores das vilas podem esperar mais de quatro anos para as mais de seiscentas residências que seriam necessárias para remover todos do local?
A situação das chuvas, que destruíram completamente o bairro Sarandi, agravou mais ainda a situação, a população agora encontra suas residências em ruínas, sem nenhum esclarecimento de onde estão suas casas que foram prometidas pelo velho estado e sob a já declarada intenção de despejar os moradores. Tudo isso demonstra a putrefação do velho estado, que moribundo e caindo aos pedaços, já não tem capacidade de entregar os direitos mais básicos ao povo, por isso precisa usar do terror dos seus capangas fardados no menor sinal de mobilização popular, pois sabe que basta um empurrãozinho para que toda a estrutura podre venha abaixo. As mobilizações espontâneas do povo de todo o Rio Grande do Sul que ocorrem desde maio demonstram que a única via para a conquista dos direitos do povo é a mobilização organizada, que não pode dar um passo atrás até que se arranque tudo o que o povo merece das mãos do velho estado.