No dia 16 de agosto, moradores da cidade de Porto Alegre realizaram protestos contra o descaso do governo, que, três meses após as grandes enchentes de maio que mataram mais de 190 pessoas, se mostrou completamente incapaz e desinteressado em prestar auxílio ou dar o mínimo apoio aos milhões atingidos pelas enchentes. Moradores do bairro Arquipélago e Farrapos, ambos bairros que foram completamente inundados, organizaram dois protestos na região norte da capital.
Moradores da região das ilhas marcharam pela avenida Castelo Branco, passando pelo centro histórico até o centro administrativo, onde cobraram a prefeitura pela entrega de auxílio financeiro para os atingidos pelas enchentes, que, de acordo com os moradores, não foi entregue a milhares de pessoas por conta da falta de acessibilidade e instrução do governo para resgatar o benefício. O bairro arquipélago é constituído por 16 ilhas e abriga mais de vinte mil camponeses, pescadores e outros trabalhadores, e é a parte mais pobre e abandonada da cidade. Durante a enchente de maio, toda a população teve que ser evacuada por conta do aumento do nível do rio, que cobriu toda a superfície das ilhas e destruiu completamente todas as casas.
No mesmo dia, moradores dos bairros Farrapos e Humaitá, na Zona Norte da cidade, bloquearam a BR-290, cobrando a retirada de lixo e entulho que se acumulam em montes ao lado das casas, dando a ambos os bairros operários a aparência grandes lixões a céu aberto. De acordo com os moradores, a fumaça das constantes queimas de lixo deixa as pessoas, principalmente as crianças que vão para a escola a pé, doentes. Mais de cem moradores participaram da ação que paralisou todas as cinco faixas da rodovia. Entre as muitas palavras de ordem contra o prefeito assassino Sebastião Melo, os moradores gritaram “O Povo, unido, jamais será vencido!” e levantaram faixas que cobravam plano contra as enchentes e o reparo dos sistemas de proteção contra enchentes da região.
Três meses após as enchentes de maio, o povo gaúcho demonstra que rechaça a “união de todos” do governo federal, e que não esquecerá do descaso assassino do governo federal, estadual e municipal. Mobilizações constantes em defesa dos direitos do povo, tão perto da época de farsa eleitoral, demonstram que a consciência das massas segue muito viva, não deixando cessar as vozes dos atingidos pelas enchentes e de todos os que são vítimas do velho Estado brasileiro.