No dia 20 de Maio, moradores do Bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, protestaram contra o descaso da prefeitura e cobraram o retorno da luz e água, a mais de 15 dias cortada no bairro. Os trabalhadores bloquearam o cruzamento da Avenida Assis Brasil com a Avenida Sertório, onde ergueram faixas e deram voz de protesto com “Ô, ô Melo, respeita a gente, foi tua culpa o desastre e a enchente” e “Não foi desastre foi negligência trabalhador tá perdendo a paciência”.
O bairro Sarandi foi uma das áreas mais afetadas pela enchente, antes da cheia do rio Guaíba, o bairro já havia sido inundado por conta do vazamento do dique que supostamente protegeria o bairro contra a cheia do rio gravataí, já transbordando e com vazamentos desde o início das chuvas, o dique finalmente rompeu no dia 20, mesmo dia do protesto. O bairro concentra uma grande parte do operariado Porto Alegrense, e é uma das zonas mais pobres e sucateadas da cidade.
Ódio ao estado cresce enquanto governo tenta recuperar seu prestígio
A falha completa das prefeituras e governo estadual de se prepararem para as chuvas, que já estavam previstas desde dezembro, são muito evidentes em Porto Alegre, que foi alagada unicamente pelo descaso da prefeitura, que não manteve funcionando os sistemas de proteção que deveriam impedir que a água invadisse as ruas. Sob o olhar furioso das massas, o governo entrou em regime total de controle de danos, a ofensiva veio por meio da intensificação das forças repressivas no estado. Não é coincidência que ao mesmo tempo em que Paulo Pimenta foi designado como ‘ministro extraordinário’ no Rio Grande do Sul, foram enviados mais de 1.500 policiais federais e mais de 200 militares para o estado, além do flerte do governo estadual de adiar as eleições municipais.
A grande matança por descaso já deixou quase 160 mortos e milhões na mais profunda miséria, tal incompetência do velho estado é, naturalmente, enfrentada não por doações financeiras ao governo responsável pela matança e nem pela ‘união de todos’ reacionária, e sim por meio de grandes levantamentos do povo para exigir a restituição de tudo que foi perdido, a entrega imediata de todos os desaparecidos as famílias.