Moradores de Porto Alegre bloquearam a rodovia BR 290 na manhã do dia 27 de Maio, após a prefeitura descumprir acordo que previa a instalação de bombas no bairro Humaitá, na Zona Norte da cidade. Os moradores, a maioria oriundos do Humaitá, fecharam a rodovia com um corredor humano, e encenaram a retirada da água com baldes, em protesto contra o descaso do estado. O protesto chega cinco dias após outro protesto na mesma região, que cobravam a instalação de bombas na zona norte para drenar a água, o protesto do dia 22 foi finalizado após a promessa do prefeito e do ‘ministro extraordinário’ Paulo Pimenta de mover duas bombas para a região, o que não aconteceu.
O bairro Humaitá, assim como todo o extremo norte de Porto Alegre, zona mais proletarizada e uma das mais precárias da cidade, está debaixo da água desde o dia 3 de Maio, quando a cheia do Rio Gravataí e do Guaíba inundaram milhares de casas, forçando centenas de milhares a fugirem da região, inundação causada por rompimentos parciais ambos nos diques de proteção e no muro que deveria proteger a cidade como também pela falta de operação das bombas da região da zona norte, que a muitos anos deixam vários locais alagarem com qualquer chuva forte.
Incompetência do Estado aprofunda crise geral
Já com 169 mortes por todo o estado em decorrência do descaso assassino, o Velho Estado busca tapar os buracos deixados pela enchente com mentiras, propaganda e soluções acéfalas. Já no início da enchente, parlamentares discutiram a ‘abertura de um novo canal para o mar na lagoa dos patos’, para impedir a cheia, como se o empreendimento fosse mais fácil do que a manutenção dos diques e sistemas de defesa de Porto Alegre e a instalação de sistemas similares em outras cidades, assim como o desmatamento de ‘5 metros para cada lado’ da vegetação ao longo de estradas no Rio Grande do Sul, pois supostamente ‘a terra não aguenta o peso das árvores’.
Seja por genuína estupidez ou por má fé, os esforços do governo para enganar o povo são em vão, a desconfiança no estado, que se estende para um novo maior e mais forte repúdio às forças militares e aos monopólios de imprensa, após demonstrarem sua incapacidade de se auxiliar o povo, aumenta cada vez mais, criando um cenário perfeito para novos levantamentos mobilizados por Comitês de Solidariedade Popular.