Diversos bairros da cidade de Passo Fundo enfrentam, desde 21 de fevereiro, constante falta de água, perdurando a situação até a última semana do dia 15 de março. Os problemas iniciaram, de acordo com relato de moradores, nos bairros como Maggi, Petrópolis, Via Sul, São Cristóvão, São Luiz e Vila Fátima, que passaram a ficar sem qualquer abastecimento de água, passando cerca de três dias sem informações detalhadas do problema. À época, o município passava por uma onda de calor, com temperaturas de até 33º, sem poder beber água, tomar banho, cozinhar e até não podendo exercer seu trabalho.
O perfil do Instagram “Passo Fundo M1l Gr4u”, em 23 de fevereiro, fez uma publicação registrando que cerca de 20 bairros – correspondendo a 30% da cidade – enfrentavam falta d’água generalizada. Nos comentários, usuários expressaram indignação e críticas à privatização e ao serviço prestado da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), pertencente ao grupo privado Aegea, responsável pelo fornecimento de água.
Ainda no dia 23 de fevereiro, por meio de nota, a Corsan/Aegea informava a causa como de “problemas eletromecânicos”, não explicando mais claramente o que havia ocorrido. Somente no dia seguinte, foi informado que devido ao rompimento de uma adutora, que levava água bruta da Barragem da Fazenda até a Estação de Tratamento de Água 3 do bairro São Luiz Gonzaga, o fornecimento foi interrompido. Henrique Mendes, gerente de operações, afirmou ao jornal local “O Nacional” que 20 profissionais foram mobilizados para realizar o conserto pela manhã do dia anterior, num local de difícil acesso. Foi aberta uma estrada de 400 metros para chegarem à adutora. Após consertá-la, o sistema foi religado e uma parte da adutora moveu-se devido ao solo instável. No dia seguinte (24/2), os reparos seguiram e a água estava cortada novamente, tendo a Corsan liberado caminhões-pipa para abastecer a população.
As reclamações dos moradores – por enfrentarem há tempos problemas no fornecimento de água e cobrança abusiva nas contas – geraram pressão tão grande que a prefeitura e o Procon Municipal abriram um processo administrativo contra a Corsan/Aegea. Essa situação foi um desdobramento de processos individuais anteriores, devido às respostas insatisfatórias, o órgão avançou com o processo, sendo passível a Companhia de aplicação de multas e sanções.
No dia 28 de fevereiro, sexta-feira, foi noticiado novamente um problema na canalização da Barragem da Fazenda, a tubulação teve um descolamento em uma das emendas de aço, afetando os bairros: Rodrigues, Vera Cruz, Boqueirão, Planaltina, Roselândia, Vila Fátima, Dona Elisa, Annes, Lucas Araújo e Petrópolis. A promessa era de que gradativamente a água retornaria na madrugada do sábado, 1º de março. Nessa situação, havia muitos bairros que completaram uma semana sem água mesmo com os reparos anteriores, fato que gerou revolta entre moradores.
Em 2 de março, a Corsan/Aegea informou que o abastecimento estava regularizado e funcionando novamente, mas mantiveram os caminhões-pipas em alguns bairros, pois afirmaram que ocorreriam oscilações no fornecimento. Passaram-se dois dias e moradores já relataram falta de água novamente, nos mesmos bairros de antes, e entre os dias 11 e 12 do corrente mês, 15 bairros registraram o problema, quase a mesma proporção do final do mês de fevereiro.