Em 2024, o Disque 180 de Passo Fundo (RS) registrou uma denúncia de violência contra a mulher a cada dois dias, conforme o Painel de Dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Foram ao todo 154 notificações, onde houve 916 violações registradas, das quais consistem ameaças, agressões e exploração sexual, tendo o mês de abril concentrado 27 denúncias.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do RS, seis tentativas de feminicídio e três tentativas consumadas foram registradas, além de 702 ameaças, 393 agressões e 41 estupros. No total das denúncias, constatou-se o marido como principal agressor, dentre os casos, em números: 153 (maioria) de agressões físicas; 70 ocorriam na casa da própria vítima e 56 em local onde viviam vítima e agressor, evidenciando o caráter unânime de violência doméstica; 33 ocorriam há mais de um ano e 29 há mais de 10 anos e 97 eram de violências recorrentes.
O grau de profunda violência fica ainda mais nítido tomando a cidade de Novo Hamburgo como comparativo em número de habitantes com Passo Fundo, 277 mil, que soma 99 denúncias durante o mesmo ano no Disque 180. Fora o comparativo, segundo dados de Rafaela Bier, delegada titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, em entrevista à Rádio Uirapuru, Passo Fundo, somando os cenários de violência doméstica, familiar e gênero, acumula 2.488 mil casos. Esse aumento evidência a interiorização nas cidades do problema, tendo em vista a queda de 30% de feminicídio no estado do RS: de 62 em 2023 para 43 em 2024.
O município possui uma robusta estrutura de “combate” contra a violência às mulheres: um Centro de Referência no Atendimento à Mulher e a Patrulha Maria da Penha, que fiscaliza o cumprimento de medidas protetivas urgentes. De acordo com Rafaela Bier, ainda em 2024, a Polícia Civil e a Brigada Militar realizaram 83 prisões de agressores, 36 mandados de busca e apreensão e apreenderam 30 armas. Apesar disso, a “robusta” estrutura não freou o aumento de casos e é comum que os agressores sintam-se no direito de violar as medidas protetivas e assassinar cruelmente suas vítimas.