Os pistoleiros da Fazenda Arado Velho, que fica no extremo sul de Porto Alegre, vêm ameaçando a população indigena Guarani-Mbya da aldeia Yjerê, que fica dentro da propriedade, às margens do rio Guaíba.
Os indígenas denunciam que os pistoleiros os impedem de viverem na aldeia, não deixando coletar água e lenha, de fazerem as roças para o plantio e os impedem de transitar pelas estradas da fazenda, os impossibilitando de chegar a rodovia e aos demais bairros da cidade, obrigando os indígenas e terem que contornar a fazenda de barco, pelo Guaíba. De acordo com informações divulgados pelo conselho indigenista missionário as ameaças dos pistoleiros vêm se intensificando nos últimos três meses. As ameaças continuam mesmo com a definição do Tribunal Regional de que os indígenas têm direito de utilizar as estradas livremente, e que os funcionários da fazenda não devem se aproximar além de 500 metros da aldeia, porém os indígenas denunciam que o limite é desrespeitado constantemente.
Os ataques estão ligados à especulação imobiliária, que tem aprovação da Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental para transformar a fazenda em loteamentos e estabelecer uma zona de proteção ambiental. O dono da fazenda é Iboty Brochmann Ioschpe, que está lucrando em cima do projeto por meio da empresa Arado – Empreendimentos Imobiliários S.a., membro da família Ioschpe que controla a empresa Iochpe-Maxion, ligado ao imperialismo ianque.
As ameaças vêm em um contexto de ofensiva geral do latifúndio por todo o país, destacando-se a luta pela terra dos Guarani-Kaiowá na terra indigena Nhanderu, no Mato Grosso do Sul e a luta dos posseiros de Barro Branco, em Jaqueira, Pernambuco. Em julho, os povos indígenas do Rio |Grande do Sul realizaram diversas mobilizações por todo o estado, provocando ataques do latifúndio, destacando-se a retomada Fág Nor, em Eldorado do Sul, onde os indígenas sofreram ataques a tiros.