Seis homens armados e que se diziam policiais ameaçaram de despejo os guarani mbya que vivem em acampamento situado na localidade conhecida como Ponta do Arado, zona sul de Porto Alegre, no dia 17 de junho.
Dois dias antes, os indígenas haviam ocupado uma área localizada entre dois latifúndios, que foram formados a partir da expropriação das terras dos guarani mbya.
Segundo denúncias ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os pistoleiros afirmaram que iriam removê-los à força e que estariam se organizando para a remoção, com a convocação de pistolei ros de outras regiões. Ainda de acordo com os guarani mbya, os homens armados provavelmente estavam a serviço de latifundiários da região, que tiveram fazendas ocupadas.
Os indígenas exigem que a Fundação Nacional do Índio (Funai) inicie o processo de demarcação da terra indígena.
As retomadas realizadas pelos guarani mbya permitem a eles reproduzirem o seu modo de vida, de trabalho e manifestações culturais.
“Os guaranis ficam relegados a viver nas margens das rodovias ou em pequenas porções de terras degradadas, que são as sobras do que o Estado lhes oferece. Então, no caso da Ponta do Arado, a área tem as condições ambientais, ecológicas, espirituais, tem água boa, mata boa, animais. É uma área que tem significado profundo no modo de ser guarani, da vida no tekoá”, frisou o integrante do Cimi, Roberto Liebgott, em entrevista ao jornal Sul 21.
A retomada dos guarani mbya situa-se em uma região marcada pela presença de um sítio arqueológico guarani, de latifúndios voltados para a pecuária extensiva e uma área de preservação ambiental, sendo banhada pelo Lago Guaíba. A área atrai o interesse do setor imobiliário, chegando a existir um projeto que pretende construir um condomínio de 2,3 mil unidades residenciais e comerciais, que colocaria em risco o ecossistema da região.