RS: Povo Mbya Guarani é alvo de dois incêndios criminosos em menos de um mês

RS: Povo Mbya Guarani é alvo de dois incêndios criminosos em menos de um mês

No dia 24 de novembro, duas casas de indígenas do povo Mbya Guarani foram alvos de um incêndio criminoso. Este é o segundo ataque ao povo Mbya Guarani no estado do Rio Grande do Sul (RS) em menos de um mês. Os indígenas denunciam também outras invasões e ameaças feitas por um suposto proprietário acompanhado por policiais militares.  

Os ataques contra os indígenas

O ataque ocorrido em 24/11 aconteceu na comunidade Tenondé, localizada no município de Camaquã (RS). O incêndio destruiu duas moradias e quase atingiu também uma casa de reza da comunidade Tenondé, porém o avanço das chamas foi contido pelos indígenas. Este é o terceiro incêndio que atinge o local.

Casa do povo Mbya Guarani em chamas, na comunidade Tenondé, em Camaquã (RS). Foto: Cacique André Fernandes

No dia 14/11, outro incêndio criminoso destruiu uma casa de reza, uma casa onde ficavam alimentos e dois carros dos indígenas Mbya Guarani, desta vez na aldeia Pindó Mirim, localizada na Terra Indígena (TI) Itapuã, no município de Viamão (RS). Durante a madrugada, por volta de 2h, o local foi invadido pelos criminosos que atearam fogo contra a aldeia. Na ocasião o incêndio também foi contido pelos moradores da comunidade. 

Incêndio criminoso destrói casas e carros na aldeia Pindó Mirim, Ti Itapuã, em Viamão (RS). Foto: Povo Mbya Guarani

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a destruição da casa de alimentos pode colocar em risco a soberania alimentar da aldeia  para o próximo período. Semanas antes a comunidade havia recebido doações de sementes crioulas de camponeses, as sementes foram destruídas pelo incêndio criminoso.

Ameaças e invasões precederam os incêndios na TI Itapuã

De acordo com denúncias, houveram outras invasões e ameaças realizadas contra os indígenas por um suposto proprietário da área que estava sempre acompanhado de policiais militares. Os indígenas afirmam que as denúncias das tentativas de invasão foram ignoradas pelo velho Estado.

“Nesta madrugada, as constantes ameaças verbais que temos enfrentado se concretizaram através do crime de incêndio à casa de alimentos, à casa de reza e aos veículos da comunidade”, denunciou uma das lideranças indígenas em entrevista ao Cimi depois do ataque realizado em 14/11. 

A TI Itapuã, reconhecida como terra originária do Povo Guarani, desde o ano de 2009 está em procedimento de demarcação, porém o mesmo segue paralisado nas mãos da Fundação Nacional do Índio (Funai). Foram cedidos apenas 20 hectares para os mais de 100 indígenas. 

Recorrentemente a área é alvo de disputas territoriais e tentativas de grilagem. Em 2018, lideranças indígenas da TI Itapuã denunciaram incursão de militares do exército brasileiro dentro de seus territórios.

Intensificam-se os ataques a casa de rezas indígenas

No segundo semestre do ano se intensificaram os ataques nas casas de rezas dos povos indígenas. Em entrevista ao monopólio de imprensa Globo, o pesquisador Dr. Gustavo Soldati Reis, professor da Universidade do Estado do Pará, relatou: “A casa de reza não é um mero templo, no sentido dado por outras religiões. É uma casa de educação, transmissão de conhecimento, tradição e aprofundamento das relações sociais. É onde são tomadas as decisões políticas”.

Conforme noticiado por AND, diversas investidas contra casas de reza ocorreram no estado de Mato Grosso do Sul. 

No dia 19/08 aconteceu um incêndio criminoso em uma casa de reza indígena localizada na aldeia Rancho Jacaré, em Laguna Carapã, demarcada nos anos 80 e onde vivem cerca de 400 indígenas em uma área de 774 hectares. 

No dia 02/10,  um incêndio criminoso destruiu completamente uma casa de reza na Tekoha Guapo’y, onde moram aproximadamente 8 mil indígenas do povo Guarani Kaiowá, em Amambai.

No dia 06/11, pela manhã, pistoleiros em duas caminhonetes efetuaram disparos de arma de fogo contra os Guarani Kaiowá do Tekoha Avaeté. Durante o ataque, foi incendiada ainda uma casa na aldeia Bororó.

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