No dia 24 de Maio, mais de 50 famílias, totalizando cerca de 130 pessoas, ocuparam um prédio vazio no Centro Histórico de Porto Alegre. Os ocupantes são todos vítimas das enchentes, oriundos principalmente da zona norte da cidade, que tiveram suas casas alagadas e se organizaram independentemente para ocupar o local vazio a mais de uma década. As massas da vizinhança foram receptivas aos ocupantes, enviando doações e carregando as lanternas dos ocupantes, já que o prédio está sem luz.
No dia 3 de Junho, os ocupantes receberam uma carta de reintegração de posse de um oficial da justiça, que ameaçou a usar a força para retirar as pessoas do prédio, dizendo que tinham 10 minutos para sair ou iriam chamar a polícia para forçar as pessoas para fora. A justificativa do proprietário legal era de que os ocupantes iriam ser transportados para abrigos, mas a proposta é rechaçada pelos ocupantes, a grande maioria veio de abrigos da prefeitura e fugiram das condições insalubres e os abusos cometidos pelas forças reacionárias do estado, como o ataque da Brigada Militar a um abrigo a menos de uma semana, de acordo com os moradores, sem a intervenção do estado, as condições estão ‘100% melhores’. O alarde causado pela investida da especulação imobiliária foi tanto que obrigou o STF a intervir, marcando uma reunião para o dia 5 de junho para ‘construir uma solução positiva’ em relação aos ocupantes, ao mesmo tempo, em nota, a Brigada Militar afirmou que “Existe um mandado de reintegração de posse, o qual tomamos conhecimento hoje pela manhã e, para tanto, estamos organizando os passos necessários para seu cumprimento”.
A situação escancara a incompetência do governo estadual e municipal no manejo da crise, ao ponto em que muitos preferem ir embora e se organizar por conta própria do que depender dos campos de concentração do velho estado. Ao invés de auxiliar o povo, desencadeiam sua fúria reacionária sobre as pessoas que estão em total vulnerabilidade, escancarando qual a espinha dorsal do governo e qual a sua principal e única função vital, a repressão e terror às massas, principalmente as massas organizadas.