O prefeito bolsonarista de Canoas, Airton Souza (PL), ameaçou cortar o acesso do hospital universitário e do hospital de pronto-socorro de Canoas, principais hospitais da cidade e referência para mais de 157 municípios da região, para pessoas não residentes na cidade.
A manobra, em conluio com o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), é uma maneira de intimidar o governo federal a ceder verba adicional para os municípios. O prefeito da capital afirmou em entrevista no monopólio de imprensa Diário Gaúcho que “se nós vamos falar com o governo estadual, nós precisamos de um consórcio metropolitano daqueles que são referência. Tem que ser parceiro, não estão botando dinheiro no sistema de Porto Alegre”. Seguindo o colega bolsonarista, Airton Souza não tardou a dizer que “Nós gastamos quase R$ 10 milhões para manter o HPS aberto. O Estado nos ajuda com R$ 1,4 milhão. Eu vou pegar a chave do HPS e entregar para ele (governador Eduardo Leite), e ele que administre o HPS. Eu já estou bem decidido a fazer isso”. A formação de um “consórcio metropolitano” não é nada além de expressão local da crise política do velho estado, onde a extrema direita bolsonarista (representada por Melo e Airton) pressiona cada vez mais a gestão moribunda do oportunismo petista, buscando arrancar até a última concessão do governo federal.
A intenção por trás das declarações é muito clara: conseguir, de alguma maneira, financiamento para a saúde pública para aliviar os hospitais da região metropolitana. Em Porto Alegre e Canoas, a ocupação chega a 100% e 98%, respectivamente, com dezenas de milhares na fila de espera de procedimentos cirúrgicos e consultas. Especificamente, uma das poucas promessas que Sebastião Melo fez ao povo foi relacionada à melhora dos serviços de saúde, promessa ainda não cumprida desde a sua primeira eleição em 2020. Como não pode deixar de encher os bolsos da especulação imobiliária nem de lavar dinheiro, como no mais recente caso em que, sob a assinatura do prefeito, mais de 43 milhões de reais foram gastos em material escolar superfaturado para as escolas municipais, ambos os prefeitos procuram arrancar mais financiamento do governo federal.
Enquanto ambos os prefeitos realizam este jogo de poder, quem sofre as consequências diretas destas ações são os camponeses pobres do interior rio-grandense. Não obstante, os habitantes dos municípios de São Jerônimo, Charqueada e Triunfo — onde o serviço público de saúde já é precarizado — também estão na mira do corte arquitetado por Airton Souza.