RS: Quilombo Kédi resiste à ofensiva do velho Estado e especulação imobiliária

Desde agosto, a comunidade do Quilombo Kédi, localizado no bairro da Boa Vista (RS), se mobiliza em assembleias e vigílias para resistir à ofensiva da especulação imobiliária, que ameaça tomar posse das terras da comunidade com o apoio de instituições do velho Estado brasileiro 
Quilombolas fazem vigília de resistência desde o dia 11/09. Foto: Banco de Dados AND

RS: Quilombo Kédi resiste à ofensiva do velho Estado e especulação imobiliária

Desde agosto, a comunidade do Quilombo Kédi, localizado no bairro da Boa Vista (RS), se mobiliza em assembleias e vigílias para resistir à ofensiva da especulação imobiliária, que ameaça tomar posse das terras da comunidade com o apoio de instituições do velho Estado brasileiro 

Desde agosto, a comunidade do Quilombo Kédi, localizado no bairro da Boa Vista, em Porto Alegre (RS), se mobiliza em assembleias e vigílias para resistir à ofensiva da especulação imobiliária, que ameaça tomar posse das terras da comunidade com o apoio de instituições do velho Estado brasileiro.  Uma vigília de resistência foi erguida no dia 11 de setembro. 

Cobiçada pelo empreendimento de luxo Porto Alegre Country Club, um campo de golfe e espaço de eventos de 52 hectares, o Quilombo Kédi aguarda desde 2021 o reconhecimento oficial como território quilombola, feito pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os quilombolas denunciam a morosidade do instituto e os crimes e chantagens perpetrados pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab), pela Defensoria Pública do estado (DPE/RS) e pela Prefeitura de Porto Alegre, do prefeito reacionário Sebastião Melo (MDB).

No dia 14/08, o DPE/RS orientou aos quilombolas a abrirem contas bancárias para receberem uma indenização por causa do despejo iminente. Já a Prefeitura, que já responsabilizou a empresa Country – Empreendimentos Imobiliários LTDA, empreendimento da família Zaffari, como responsável pelo reassentamento, tem tentado coagir as famílias que não se identificam como quilombolas com as promessas de uma quantia de R$ 15 mil para dar entrada em algum imovel novo, parte do programa municipal ‘Mais Habitação – Compra Compartilhada’. Segundo lideranças da comunidade, as políticas têm induzido moradores a erro e causado intranquilidade para os quilombolas.

O território é cobiçado pela Country Club desde 2014, quando foi aberta uma condenação pelo Ministério Público (MP) para reassentar as mais de 100 famílias que vivem no terreno de 4 hectares ocupado pelo Quilombo, que está imediatamente ao lado do empreendimento, sendo possível enxergar dentro do campo pelas aberturas nas cercas. Ainda que uma análise histórica realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comprove que o Quilombo Kédi está presente na área há mais de 100 anos, não é interesse dos sucessivos governos municipais de turno preservar os direitos conquistados pelos quilombos de Porto Alegre. Com a especulação imobiliária e expulsões, os bairros que eram grandes comunidades negras na cidade foram branqueados e gentrificados, como o bairro Rio Branco, antiga Colônia Africana.

Cansados da morosidade do Incra e exigindo a regularização imediata de seus territórios para viver com dignidade, quilombolas realizam vigílias, protestos e ocupações da sede do Incra em todo o Brasil. No dia 31/08, 80 quilombolas representando 18 comunidades montaram acampamento em frente à sede do instituto em São Luís (MA) para reivindicar maior agilidade nos processos de titulação de terras. 

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