A intimidação a vários jornalistas em SC, como está sendo o caso de Rosana Bond, do AND, além das equipes dos portais Desacato e Catarinas, é uma das faces do quadro político catarinense atual, estado onde a extrema-direita tem crescido de forma vultosa nos últimos anos. O quadro é reflexo também do crescimento da extrema-direita no País.
Em SC, ganhou vulto também nos últimos dias o evento chamado Shot Fair Joinville, evento dedicado a venda de armas que reuniu, dentre os participantes, grandes empresários da indústria bélica, políticos bolsonaristas e outros elementos da extrema-direita, conforme noticiou a Revista Fórum. O título da reportagem foi Shot Fair Joinville: Saiba tudo sobre a ‘disneylândia’ dos armamentistas em Santa Catarina.
Maior milícia nazi
Em 2020 a pesquisadora de neonazismo, antropóloga hoje falecida Adriana Dias, identificou 69 células hitleristas em SC. O Estado só ficou atrás de SP, onde havia 99 grupos. Mas como a população catarinense é bem menor, podia-se dizer que, na proporção, em SC era onde existia a maior presença destes grupos, recebendo destaque nacional.
Anticomunista e supremacista
O professor da UFSC João Klug, especialista em migração alemã, diz que o nazismo catarinense foi (e ainda é), a exemplo da Alemanha, profundamente anticomunista e racista, “baseado numa pseudociência eugênica, de superioridade racial germânica.”
E explica: “Esta ideia de superioridade foi introjetada aqui por uma elite econômica e política”. Tais classes dominantes, destacadamente os latifundiários, ficaram conhecidas como as famosas “oligarquias catarinenses”.
Descendência não influencia
O historiador Klug duvida que a origem alemã dos migrantes vindos a SC explique, sozinha, a simpatia da população local pelo hitlerismo.”É só uma verdade parcial, já que muitos alemães daqui combateram o nazismo, e pagaram um preço por isso”.
Repórteres são “terroristas”
O Portal Desacato, um setor da Cooperativa Comunicacional Sul (CCS) foi uma das 200 entidades (e pessoas) que assinaram uma Nota de Solidariedade a Rosana Bond, e está vivendo um problema similar ao dela.
A repórter de AND está sendo alvo de uma perseguição policial por parte do vereador Henrique Deckmann, de Joinville. Isso porque ela, que pesquisa o Caminho do Peabiru há 30 anos, desmentiu o político após uma farsa e falsificação, montada por ele, sobre tal rota milenar indigena.
A CCS está sofrendo ações movidas por bolsonaristas como o bilionário Luciano Hang e o ex-diretor geral da Polícia Rodoviária, Silvinei Vasques. E teve que abrir processo judicial contra o ex-deputado Douglas Garcia que incluiu o Portal numa lista, criada por ele, de “comunicadores terroristas”.
Acusadas de terrorismo e outros absurdos (como a de praticarem abortos ilegais, caso do Portal Catarinas, até tirado do ar) equipes jornalísticas catarinenses estão reagindo e lutando.
Mostram que, através delas e de outras trabalhadoras , o nazifascismo tem recebido combate em SC. Além de continuarem trabalhando e apurando fatos, trabalho desagradável à corja da extrema-direita, os trabalhadores da imprensa têm se organizado para debater o quadro autoritário presente no Estado e as formas de organização frente à situação, como ocorrerá no dia 25 de agosto, em Florianópolis, no 1º Seminário de Comunicação Antifascista em S. Catarina.