SC: Estudantes protestam contra omissão da coordenação em caso de assédio em projeto na UFSC

Manifestação foi realizada em frente ao CCE. Foto: Notícias UFSC

SC: Estudantes protestam contra omissão da coordenação em caso de assédio em projeto na UFSC

No dia 29 de agosto de 2023, estudantes do curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizaram uma manifestação no Centro de Comunicação e Expressão (CCE/UFSC) contra caso de assédio ocorrido no TJUFSC e a procedente suspensão do projeto como desculpa para encobrir o caso.

O TJUFSC é um projeto de extensão do curso de Jornalismo da UFSC. Nele, os alunos produzem um telejornal colocado no ar de segunda a sexta, que os permite desenvolver valiosas práticas no telejornalismo. Os alunos denunciam que no ano passado ocorreu um caso de assédio contra uma das alunas do projeto, cometido por parte do técnico Carlos Henrique Guião Coelho, mais conhecido como Guião, um dos responsáveis pela produção do telejornal. Porém, mesmo após as inúmeras denúncias contra o ocorrido serem feitas, a coordenação do jornal não só duvidou dos alunos como também manteve Guião no cargo. 

Em conversa com o AND, a vítima (que preferiu se identificar apenas como ‘M’) contou que além de buscar apoio a coordenação de seu curso, também procurou a ouvidoria da UFSC, que nada a apoiou e ainda desconsiderou sua denúncia, mesmo com ela apresentando provas sobre o crime. A investigação só foi reaberta pela ouvidoria após ‘M’ sofrer assédio moral por ter denunciado o ocorrido. 

Após este acontecimento, muitos alunos ficaram desmotivados e com medo de participar do TJ por conta da presença do técnico, que ao permanecer na sua função voltou a apresentar comportamentos inadequados, como relatado pelos estudantes. A gota d’água para a revolta foi quando as coordenadoras do projeto, as professoras Fabiana Piccin e Cárlida Emerim, propuseram suspender o TJ, dizendo que o mesmo estava passando por um sucateamento. Os estudantes denunciam que este sucateamento já é de anos, e que na verdade esta suspensão serve apenas para encobrir a omissão da coordenação perante o comportamento do técnico. 

Os alunos então se reuniram para expressar toda a sua revolta por volta do meio-dia do dia 23/08, ocupando o hall do CCE e indo em passeata até a sala de uma das professoras coordenadoras para cobrar esclarecimentos, a expulsão do técnico e a reabertura do projeto.  Os estudantes seguravam uma faixa escrita TJ SEM ASSÉDIO enquanto clamavam consignas como Oh professora, nem tudo a gente atura, lugar de assédio é no olho da rua! e Eu não abro mão, do ensino, da pesquisa e da extensão, vem pro TJ!.

Manifestação tomou hall do CCE. Vídeo: Banco de Dados AND

Durante a manifestação legítima dos alunos, o AND entrevistou um deles, que preferiu não se identificar. Confira a entrevista abaixo:


Comitê de Apoio – Santa Catarina (SC) (AND): Você pode contar para gente o porque está ocorrendo esta manifestação hoje dos alunos do jornalismo?

Estudante (E): A gente tem um projeto de extensão de telejornalismo que se chama TJ UFSC, nele produzimos um jornal diário. No ano passado tivemos um caso de assédio que foi cometido por um dos técnicos que ajudam a colocar o jornal no ar. Nós denunciamos, a vítima denunciou, as pessoas próximas da vítima denunciaram, tentamos fazer algo levamos para todas as instâncias da UFSC e nada aconteceu. 

A partir daí, as pessoas que estavam envolvidas resolveram deixar para lá o caso, já que nada acontecia, e neste ano o estopim para acontecer outra coisa foi que o mesmo técnico foi gordofóbico num grupo oficial de whatsapp do projeto. Depois eles [coordenação] utilizaram como desculpas os  problemas de sucateamento, problemas esse que já existiam a muito tempo, para suspender as atividades do TJ após estas várias polêmicas. Nós estamos aqui para tentar reviver o TJ, nós queremos o nosso projeto de extensão e queremos que ele seja um projeto seguro, sem ter um assediador ali ao nosso lado.

AND: Você poderia me contar quais são as atividades que vocês realizam no projeto TJUFSC e a importância dele para a formação dos jornalistas?

(E): Nós produzimos um telejornal diário, então nós temos que produzir matérias e reportagens diariamente, aprendemos como editar, como colocar um telejornal no ar, é um projeto muito importante principalmente para quem quer seguir carreira no telejornalismo, para aprender um pouco melhor. Ele foi vitrine para vários colegas nossos que hoje são repórteres em veículos de comunicação importantes dentro de Santa Catarina, esses colegas tiveram o TJ como escola. 

AND: Por último, qual a questão da cobrança a professora? Ela é uma das responsáveis?

(E): A professora é amiga pessoal do assediador e foi ela que resolveu suspender o projeto, ela é uma das duas professoras coordenadoras que desde quando tudo isso aconteceu foram omissas tanto a vítima quanto aos alunos que tentaram ajudar a vítima. Como eu falei, eles acusaram os alunos que estavam ajudando no processo [para retirar o assediador] de estarem destruindo o projeto.

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