Na última quarta-feira (19/3), o Movimento Maruí, movimento estudantil independente da UFSC, realizou o evento “Das Retomadas de Terra ao Anti-imperialismo: O Papel Estudantil nas Lutas Democráticas”, que debateu o papel central dos estudantes no atual cenário político nacional e internacional.
O evento reuniu, no centro de eventos da universidade, além de um representante do Movimento Maruí, a ativista e representante da Frente Palestina Livre de Santa Catarina, Vanessa Salum, a liderança Laklãno/Xokleng das Retomadas Goj Konã e Jug Óg Pãn Txi, Cacique Samuel, o apresentador do canal Rompendo com Velhas Ideias, pesquisador independente sobre marxismo e a história da URSS, João Pedro Fragoso, bem como uma representante do Comitê de Apoio de Florianópolis do Jornal A Nova Democracia.
O representante do Maruí abriu o evento, retomando o histórico antipovo da universidade brasileira, desde sua fundação com o objetivo de dar o título de doutor honoris causa ao rei da Bélgica, até a resistência combativa do Movimento Estudantil durante a Ditadura Militar Fascista, quando diversos heróis e heroínas de nosso povo, que ingressaram na luta armada, saíram dos movimentos estudantis da universidade.
Sua fala se concluiu relembrando a situação de agudização das contradições da luta de classes ao redor do mundo e exortando os estudantes a romperem com o imobilismo e tomarem papel ativo na transformação da universidade, rompendo seus muros e buscando a democratização do saber, tanto na própria estrutura universitária quanto no compartilhamento de seus saberes com o povo.
Sobre a situação internacional, a representante da Frente Palestina Livre de Santa Catarina denunciou os crimes de guerra genocidas do estado sionista de Israel, que rompeu o acordo de cessar-fogo e assassinou centenas de palestinos nos últimos dias. A palestrante ressaltou os interesses imperialistas na faixa de Gaza e, retomando sua experiência pessoal presenciando a resiliência do povo palestino, reafirmou a obrigação da permanência na luta.
Sobre os impactos que a situação internacional exerce sobre o Brasil, a representante do Comitê de Apoio ao AND de Florianópolis deu foco à atual crise do Imperialismo, falando sobre o fim do apoio dos EUA ao governo Zelenski e da atual divisão da Ucrânia, bem como sobre a ofensiva comercial e militar dos EUA no sudoeste asiático. No cenário nacional, ressaltou a queda de popularidade de Luiz Inácio e de sua desmoralização perante as massas, tratou dos crimes que o latifúndio comete contra o povo camponês, originário e quilombola com o apoio do gerente de turno e do papel da esquerda oportunista em sua falsa luta com o bolsonarismo.
O Cacique Samuel, falando sobre a situação nacional e do povo Laklãno/Xokleng, retomou todo o histórico de genocídio ocorrido com seu povo ao longo da colonização brasileira e, solidarizando com o exemplo do povo palestino, afirmou estar em uma luta com todos os povos contra o imperialismo. Sobre os territórios ancestrais retomados, enfatizou a importância da iniciativa e do poder que seu povo exerce nessas terras.
Concluindo as falas, João Pedro Fragoso abordou o papel da Revolução Agrária nas conquistas democráticas dos países semicoloniais e semifeudais e do papel central que ela desempenha em nosso país. Fechando o evento, foi aberto um espaço para perguntas do público, que envolveram a presença do Movimento Invasão Zero em Santa Catarina, o papel do social-imperialismo chinês na opressão dos povos e os desafios da mobilização democrática no Brasil.
Os presentes na palestra foram então convidados a conhecer a banca do Movimento Maruí, que possuía exemplares de seu jornal de agitação estudantil, Tarrafa de Luta, o texto de princípios do Movimento, bem como, para seu autofinanciamento, adesivos para venda e brechó. O Comitê de Apoio ao AND também montou sua banquinha, com as últimas edições impressas do jornal e mais material de propaganda democrática e revolucionária.