Após dias de terrorismo contra o povo Xokleng, o governador reacionário Jorginho Mello (PL) cedeu frente à pressão e decidiu abrir a comporta da Barragem Norte, em José Boiteux (SC), antes que a água alagasse as aldeias indígenas da região. Todavia, o governador voltou a enviar a Polícia Militar às terras indígenas, em uma ação descrita como intimidatória e ameaçadora pelos indígenas.
“O governo de Jorginho Mello descumpre acordos e envia PM em peso, incluindo helicóptero, para nos intimidar, especialmente neste momento que estamos com nossa comunicação limitada devido ao curioso fato da energia elétrica e cobertura telefônica terem parado de funcionar, coincidentemente ontem, no momento em que a cavalaria se preparava para entrar aqui em nossa TI”, descreveu a Juventude Xokleng.
As comportas foram abertas após oito dias de terrorismo contra o povo Xokleng. No dia 8 de outubro, o governo de Santa Catarina havia decidido abrir as duas comportas da barragem, sob graves riscos de alagamento das aldeias indígenas, e sem cumprir as exigências dos Xokleng: postos de saúde 24 horas, desobstrução das estradas e fornecimento de cestas básicas e água potável. Consciente do próprio crime, o governador ainda enviou a Polícia Militar e a Tropa de Choque contra os indígenas. Dois foram baleados por bala de borracha, um no olho. O povo Laklãnõ Xokleng, a Defesa Civil e diversas outras entidades eram contrários ao fechamento das comportas.
A barragem foi construída na Terra Indígena Laklãnõ e não recebe manutenção há mais de 10 anos, e o fechamento de suas duas comportas representa grande risco à comunidade que ali vive. Por conta das fortes chuvas, a Terra Indígena Laklãnõ Xokleng já vinha sofrendo com a destruição causada, ficando isolada, e sem acesso aos serviços de saúde e de assistência. O fechamento da barragem.
As fortes chuvas que assolam o estado de Santa Catarina deixaram milhares de pessoas desabrigadas e vitimaram outras duas, 113 municípios se encontram em situação de emergência.