Casa de Reza do tekoa Tarumã Mirin antes do incêndio criminoso. Foto: Marilene Escoba
Três homens armados e com rostos cobertos incendiaram a aldeia (tekoá) Tarumã Mirin e incendiaram o centro religioso conhecido como “Casa de Reza”, pertencente ao povo Guarani Mbya, no município de Araquari, em Santa Catarina, no dia 8 de fevereiro. Os bandidos utilizaram-se de um guia para realizarem o ataque e evadirem-se pela mata, segundo denunciou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
“Considerada o ‘coração da aldeia’, a Casa de Reza é um espaço para ritual, de formação e aprendizado para os guarani.”, relata o Cimi. O atentado impactou tão duramente a comunidade que a comunidade apenas denunciou o ocorrido no fim de fevereiro. Um indígena chegou a ser feito de refém.
Ainda de acordo com o Cimi, a campanha contra os guarani tem sido extensiva, intimidatória e conta com grande número de equipamentos e homens. Lideranças relatam o aumento de ameaças e pressão no dia a dia da comunidade, com a presença de não-indígenas desconhecidos nos acessos da aldeia, próximos às casas, inclusive à noite.
Os indígenas denunciaram que cresceu “o sobrevoo de drones na aldeia, situação que os tem deixado apreensivos”. Além disso, “os equipamentos foram avistados em momentos diferentes, durante o dia e de noite, voando a cerca de dez metros do chão”.
As terras Guaranis em Araquari, com pouco mais de dois mil hectares, foram reconhecidas oficialmente como Terra Indígena em 2009, cinco anos após a entrada dos primeiros grupos de trabalho da Fundação Nacional do Índio (Funai). Porém, o Cimi relata que logo em 2010, a medida da Funai foi suspensa e hoje a demarcação do território dos Guarani Mbya encontra-se num limbo jurídico.
“Os Guarani Mbya de Tarumã sofrem pressões da especulação imobiliária e corporações empresariais, resistindo às investidas e às ameaças na busca pelo reconhecimento dos direitos tradicionais.”, comenta o Cimi em sua nota.