Mulher agredida ficou com várias marcas no rosto. Foto: Banco de Dados AND
Foto da abordagem policial Foto: NSC TV/Reprodução
Um vídeo que circulou nas redes sociais no dia 10 de março chocou a todos, exibindo uma mulher trabalhadora já algemada sendo agredida covardemente por policiais no bairro Jardim América, município de Mafra, há 297 Km da capital catarinense.
A costureira Silvana de Souza, de 39 anos, que teve sua perna quebrada na criminosa ação da Polícia Militar (PM), teve de colocar 13 parafusos no membro fraturado e também sofreu hematomas no rosto após levar uma rasteira inesperada de um dos policiais no momento em que era conduzida, já algemada, até uma viatura.
Silvana denunciou que os policiais invadiram o terreno em que ela mora no dia 19/02 lançando sprays de pimenta e de armas em punho.
O alvo da operação policial era, na verdade, o vizinho de Silvana e, no momento da agressão contra a mulher, já havia uma viatura na casa do rapaz investigado.
Os PMs que agrediram a trabalhadora chegaram à localidade para prestar reforço à primeira viatura, mas, ao invés de adentrar a casa do alvo da operação, invadiram desnecessariamente a casa de Silvana.
A costureira relatou ainda que tentou explicar aos policiais a situação, afirmando que para acessar o terreno vizinho, não havia necessidade de entrar na propriedade dela. Apelo este que foi ignorado pelos PMs.
No vídeo registrado pela irmã de Silvana, que acompanhou toda a agressão, é possível identificar ao menos seis policiais no quintal da casa da costureira. Um deles conduz Silvana com as mãos algemadas para trás de maneira bastante violenta, abordagem que fez com que a trabalhadora questionasse o abusivo tratamento a que estava sendo submetida.
É neste exato momento que se vê a costureira levando uma rasteira por trás de maneira inesperada e covarde, fazendo com que a mulher caia no chão de maneira brusca, ferindo seu rosto. Uma vez caída no chão, Silvana ainda recebe um golpe desferido por um dos PMs, provocando a uma fratura exposta em sua perna esquerda.
Após a brutal agressão, Silvana de Souza precisou passar por uma cirurgia e ficou internada dois dias e meio no hospital.
Mulher teve fratura na perna na queda durante a abordagem. Foto: Banco de Dados AND
Em entrevista ao monopólio de imprensa, a trabalhadora relatou: “Fiquei ali no chão por uma hora mais ou menos até que os bombeiros chegassem, depois fui levada para um pronto- atendimento da minha cidade”.”
— Na minha perna, coloquei uma placa, 13 parafusos e mais um cano que vai do meu tornozelo ao joelho , contou Silvana. — Agora eu ando muito pouco, é só dentro de casa, do sofá para o banheiro, com a ajuda da muleta e da cadeira de roda. Tenho que ficar com a minha perna elevada, completou.
Além dos danos físicos óbvios, a lesão também prejudica a atividade profissional exercida por Silvana, que manuseia uma máquina de costura: — Sou costureira, dependo da minha perna para trabalhar. Não tenho como tirar renda, não posso trabalhar. Não sei como vai ficar.
No dia da agressão estavam na casa Silvana, o sobrinho dela, a filha, uma irmã e o cunhado: — Fui ver o que havia acontecido, me deparei com a PM invadindo nosso terreno com spray de pimenta — relataram os familiares que foram atingidos duas vezes pela substância.
— Em momento nenhum questionei ser presa, não reagi à prisão. Quando estava me levando, um policial me deu um chute na perna. Caí no chão, bati o meu nariz — denunciou Silvana de Souza.
E finalizou: — Eu não gostei. A gente não impediu a polícia, todo mundo que estava ali não atentou contra a PM, fui presa por desacato. Me revoltei mesmo, não precisava terem chegado daquela forma, desrespeitando criança. A gente não é bandida, a gente é uma família. Somos trabalhadores. Naquela ação, fomos tratados como marginais.
A irmã da costureira, que estava filmando a ação, também foi agredida, recebendo um tapa nas mãos para que o celular caísse, e, logo depois, recebeu um soco de um dos policiais.