Apesar do fortalecimento da greve deflagrada no dia 23 de abril e aumento da adesão à greve entre os magistrados, que chegou a ter 40% da categoria paralisada, a categoria votou pela paralisação da greve por 60 dias, em um contexto de ataques e perseguição por parte do governador.
Os meses de abril e maio de 2024 foram de intensa movimentação política por parte do magistério catarinense em sua luta por direitos. Nesse período, o professorado local entrou em greve, realizou diversos atos por todo o estado e, ao fim, decidiu por suspender a paralisação mediante represálias do governo estadual.
Em votação realizada ainda na primeira semana de abril, os professores da rede estadual de Santa Catarina deflagraram greve em razão do não cumprimento de promessas políticas feitas, durante período eleitoral, por parte do governo de Jorginho Mello (PL), referente a reivindicações da categoria.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (SINTE-SC), via rede social, suas principais pautas são: reajuste no vale alimentação (em janeiro corrigido de R$ 12 para R$ 18, mas ainda considerado insuficiente), realização de concurso público para ingresso no magistério estadual (cujo último fora realizado em 2012), retirada do desconto de 14% aplicado contra professores aposentados, implementação dos planos de carreira e, por fim, da aplicação do piso nacional na tabela salarial.
A greve, votada e aprovada em 04 de abril durante assembleia, teve início no dia 23 do mesmo mês em toda Santa Catarina, dada a ausência neste período de uma proposta, pelo governo estadual, que contemplasse as reivindicações dos trabalhadores. Dali adiante, as diversas escolas – de Florianópolis a Chapecó – registraram intensa adesão à greve, não apenas por parte da categoria docente, mas parcialmente por sua comunidade discente também.
Na semana seguinte, em 30 de abril, foi realizado um ato estadual que contou com a presença das 30 regionais do SINTE espalhadas por Santa Catarina. Professores de todo o estado, organizados em caravanas, compareceram ao Centro Administrativo do governo, localizado em Florianópolis, para manifestar por direitos e exigir de Jorginho Mello uma proposta para suas pautas. Na ocasião, representantes do SINTE se reuniram com membros do governo para conversar sobre suas reivindicações, mas nada saiu decidido.
Além das demandas não atendidas, o movimento grevista foi vítima de descredibilização e perseguição do governo estadual e do próprio Jorginho Mello durante a luta da categoria. O sindicato recolheu diversas denúncias de professores que relatam coação e ameaças de demissão, especialmente de professores temporários, que representam atualmente 70% do quadro docente estadual. Além disso, Jorginho promoveu uma campanha de desinformação, ao alegar que menos de 10% da categoria estava mobilizada – na verdade, 40% dos professores aderiram à greve -, além de informar dados inverídicos sobre a carreira docente no estado e sobre demandas que já teriam sido atendidas mas, que na verdade, não foram.
Na quarta-feira da outra semana, no dia 08 de maio, o professorado local se reuniu em assembleia, na Praça Tancredo Neves em Florianópolis, para discutir a continuidade, ou não, da greve. Os representantes do SINTE apresentaram um balanço do movimento grevista, até o momento, e o que Jorginho Mello tinha apresentado-lhes como contrapartida às reivindicações. Houve proposta do governo para contemplação somente de algumas pautas do movimento, como reajuste no vale alimentação e realização de concurso público para ingresso no magistério estadual ainda em 2024. Após um momento de falas abertas aos professores presentes, foi aberta uma votação para a decisão de suspensão da greve. Por uma leve maioria, foi determinado que a greve seria suspensa por 60 dias com a justificativa de fortalecer a mobilização durante tal período