Secretário de Direitos Humanos da Fepal traça paralelos históricos entre nazismo e o sionismo

Texto que traça paralelos históricos entre nazismo e sionismo foi publicado no site oficial da Fepal. Ao final, o autor conclui que não há debate possível com revisionistas e negacionistas do genocídio.
A maneira como os euro-judeus foram tratados pelos nazistas no Gueto de Varsóvia é idêntica à que os palestinos são tratados pelos sionistas no Gueto de Gaza. Foto e legenda: Reprodução/Fepal

Secretário de Direitos Humanos da Fepal traça paralelos históricos entre nazismo e o sionismo

Texto que traça paralelos históricos entre nazismo e sionismo foi publicado no site oficial da Fepal. Ao final, o autor conclui que não há debate possível com revisionistas e negacionistas do genocídio.

Em texto intitulado NegaSIONISMO. Da Impossibilidade do debate., o secretário de Direitos Humanos da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Fábio Bacila Sahd, traçou paralelos históricos entre as práticas nazistas e sionistas, ambas negadas pelo revisionismo histórico e o negacionismo. O texto foi publicado no site oficial da Fepal.

São vários os paralelos históricos, como o assassinato indiscriminado de civis, mulheres, idosos e crianças tanto pelo Exército nazista quanto pelo Exército sionista.

O Exército nazista justificativa as políticas de repressão, enclausuramento, cerco e execução dos judeus, ciganos e outros povos pela natureza nômade e “delinquência em potencial”, e dizia que os soldados precisavam ser protegidos, uma vez que muitos judeus praticavam “a espionagem, o tráfico de armas, o terrorismo e o mercado negro”, explica o texto.

Revisionistas do genocídio nazista, por sua vez, como Robert Faurisson, afirmavam “que os relatórios e memórias de judeus seriam ‘mais do que suficientes’ para demonstrar que desde pequenos seriam subversivos, envolvendo-se em ‘todas as formas de atividades ilícitas ou de resistência'”, conforme escreve Sahd. O mesmo é dito hoje pelos sionistas em relação aos palestinos.

No texto, o autor explica, com base em historiadores, como o revisionismo das atrocidades do nazismo consistiu em:

A) A negação do genocídio como invenção;

B) A relativização da “solução final” (considerada uma simples expulsão para o Leste europeu ou “repatriamento”);

C) A diminuição drástica do número de vítimas;

D) A atribuição de outras causas para as mortes (aviação aliada ou “vítimas de represálias infelizes, mas de acordo com o direito internacional”);

E) A afirmação de que boa parte ou quase todas as mortes foram de “subversivos” ou “soldados”;

F) O argumento de que Alemanha não foi a principal responsável pela guerra e nem o maior inimigo do gênero humano, mas sim a URSS.

Ele continua, então, e compara as características do revisionismo nazista com a do mesmo fenômeno sionista: “São gritantes as semelhanças com o caso palestino: no início do discurso sionista, diziam que não havia palestinos, mas imigrantes recentes de outras regiões árabes, para as quais deveriam ser “transferidos” e repatriados (o que justificou a Nakba, de 1948). Atualmente, afirmam que quase todas as mortes são de terroristas, o governo do Hamas adultera e inflaciona os números, os próprios terroristas executam ou utilizam escudos humanos (quando são as forças israelenses que o fazem) e as mortes seriam mero “efeito colateral”. A causalidade está invertida. Embora a colonização seja um fato óbvio, sob a ótica sionista as ações da resistência palestina não são anticoloniais, mas “terroristas” (como em outros colonialismos de povoamento, os sionistas reivindicam a natividade no território, escamoteando sua origem colonial). Tampouco existe um regime de apartheid responsável pela violência e pela desestabilização da paz e das relações amistosas entre os povos. Na fantasia sionista há uma democracia liberal que se defende legal e legitimamente, em vez de um regime racista que recorreu a medidas extremas para manter a dominação e opressão racial sistemáticas sobre os palestinos. Nas palavras do diretor do Museu do Holocausto em Israel, proferidas ainda no início do genocídio em Gaza, tratava-se do “direito legítimo de defesa do país”, que resultou “em mortes acidentais de civis palestinos em Gaza”, sendo isso um “estímulo negativo que leva milhares a gritar ‘Palestina Livre’”“.

Ao final do texto, Sahd defende que “não há debate possível com negacionistas”. “Não cabe dar visibilidade a propagandas, a posições não científicas (…), o que inclui universidades não garantirem espaço para suas intervenções, insistindo em premissas equivocadas (‘ouvir o outro lado’, o ‘contraditório’)”.

Somente no último mês, ao menos duas universidades sediaram eventos pró-sionistas. A Universidade Federal do Ceará permitiu a realização de um debate sobre um falso “sionismo de esquerda”. Um dos palestrantes era o professor Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A palestra foi interrompida por uma intervenção de estudantes pró-Palestina, que condenaram a postura da Universidade em permitir o debate. A ação estudantil foi saudada pela Fepal.

Outro debate ocorreu na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Organizado com apoio da PUC-Rio, o debate levava o título “Como reconstruir o diálogo após o 7 de outubro” e foi promovido por organizações sionistas. Membros do Coletivo de Árabes e Judeus pela Paz, que foram ao evento com camisetas “Judeus pela Palestina”, relataram ao jornal A Nova Democracia terem sido expulsos do evento. O jornal entrou em contato com a PUC-Rio, mas não obteve respostas.

“Fazer isso (promover debates com negacionistas na universidade) é expor pessoas que desconhecem os termos mínimos do debate ao negacionismo de fatos óbvios”, conclui Sahd.

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