Seguindo discurso da extrema-direita, prefeito petista quer armar a Guarda Municipal 

Sem oferecer nenhum dado para sustentar a eficácia de sua proposta, Quaquá disse que a intenção por trás da medida é combater a criminalidade. “Bandido vai para a vala”, disse ele.
Captura de tela. Reprodução.

Seguindo discurso da extrema-direita, prefeito petista quer armar a Guarda Municipal 

Sem oferecer nenhum dado para sustentar a eficácia de sua proposta, Quaquá disse que a intenção por trás da medida é combater a criminalidade. “Bandido vai para a vala”, disse ele.

Seguindo a proposta do prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) e de outras prefeituras reacionárias do Brasil, o prefeito de Maricá e vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) Washington Quaquá anunciou nesta segunda-feira (31/3) que vai armar a guarda municipal do município. 

Sem oferecer nenhum dado para sustentar a eficácia de sua proposta, Quaquá disse que a intenção por trás da medida é combater a criminalidade. “Bandido vai para a vala”, disse ele. No Rio de Janeiro, a Guarda Municipal é conhecida por reprimir trabalhadores, principalmente vendedores ambulantes, como comprovam várias reportagens de AND. No ano passado, Eduardo Paes usou a guarda para atacar trabalhadores da tradicional Feira de Acari, na (colocar região),  e da Uruguaiana, no Centro.

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Segundo dados  do Ministério Público de São Paulo, cidade onde a guarda é militarizada, ao menos 197 pessoas foram assassinadas pela Guarda Municipal paulistana entre 2017 e 2024. Em janeiro deste ano, Carlos Eduardo Nascimento, de apenas 21 anos, foi assassinado pela Guarda Municipal de Diadema. É esse sistema de repressão brutal às massas populares que Quaquá pretende incrementar em Maricá.

O mais curioso, contudo, é que Quaquá disse que pretende punir “bandidos que querem usar o Estado”. “Bandido que entrar nas articulações do Estado, que deve dar vida boa para as pessoas, vai para a vala”, comentou ele. “A partir de agora, o Coronel Veras [secretário de Segurança Pública do município] vai implantar o armamento da Guarda e um grupamento com fuzil e caveirão que vai ocupar o território”, concluiu o bolsonarista do PT. 

O que Quaquá esconde é que ele próprio tem amizades questionáveis: Quaquá é o principal apoiador da aliança entre seu partido e o grupo de Waguinho Carneiro, ex-prefeito de Belford Roxo acusado de liderar grupos paramilitares na Baixada Fluminense. Uma reportagem da revista “Piauí” de 2023 mostrou as relações de Carneiro com Juracy Alves, paramilitar chefe do grupo “Bonde do Jura” – responsável pelo controle territorial de áreas da Baixada Fluminense, execuções e outros crimes contra o povo. 

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Quaquá defendeu Waguinho depois disso tudo estar revelado. Foi em 2024 que ele disse que o PT deveria apoiar Matheus Carneiro, sobrinho de Waguinho, para o cargo de prefeito. Em uma entrevista o jornal monopolista O Globo, Quaquá chegou a dize que “Waguinho precisa ser o centro da nossa articulação na Baixada. Ele sempre foi um aliado leal”.

Para ninguém dizer que Carneiro mudou, na virada do ano o ex-prefeito foi acusado de promover um verdadeiro “arrastão” no serviço público da cidade durante a transferência do poder de turno para seu ex-aliado Marcio Canella. Na ocasião, Canella acusou Waguinho de comandar o roubo de inúmeros equipamentos eletrônicos do município de Belford Roxo, e ter promovido a destruição da secretaria de educação e demais instalações da prefeitura. 

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Além dessas relações locais, Quaquá também é conhecido por ser um defensor da família Brazão, acusada de estar por trás do assassinato de Marielle Franco. Deixando as questões do processo de Marielle à parte – pois é sabido que o processo é cheio de lacunas que inocentaram figuras destacadas da extrema direita –, a defesa da família Brazão por Quaquá não deixa de chamar atenção: os Brazão são uma família de caciques políticos do Rio de Janeiro, conhecido por sua ligação com grupos paramilitares da Zona Oeste da capital fluminense.

aixada Fluminense, execuções e outros crimes contra o povo. 

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