Segunda tentativa de invasão à Venezuela em dois dias: dois mercenários ianques e agente do DEA são capturados

Segunda tentativa de invasão à Venezuela em dois dias: dois mercenários ianques e agente do DEA são capturados

 Mercenários presos pelas Forças Armadas da Venezuela. Foto: Con el Mazo Dando / TeleSUR

No dia 4 de maio, em uma segunda tentativa de invasão à Venezuela no decorrer de dois dias, dez mercenários ligados à chamada operação “Gideon” foram capturados. Os oito primeiros foram presos em Chuao, no estado de Aragua, e horas depois foram presos outros dois, na localidade de Puerto Maya, após desembarcarem na costa venezuelana. Entre eles, constavam dois ex-soldados do Estados Unidos (USA), totalizando até agora três ianques capturados nas ofensivas. 

Segundo informações veiculadas pela agência de notícias TeleSUR, os mercenários dessa segunda tentativa de invasão foram capturados por movimentos sociais locais e, então, entregues às forças de segurança do país. Na incursão do dia 3 de maio, os invasores foram frustrados pela própria Força Nacional venezuelana. 

Dois deles foram identificados como Luke Alexander Denman (nascido em 22 de janeiro de 1986) e Airan Seth Barry (nascido em 15 de maio de 1978), ambos residentes do estado do Texas, no USA. 

Os dois são soldados veteranos de guerra do Exército ianque e eram contratados como mercenários pela Silvercorp USA, empresa militar comandada por Jordan Goudreau, ex-soldado das Forças Especiais ianques que se identifica como o organizador das recentes ações contra a Venezuela. 

No dia 4, Goudreau reconheceu ao monopólio de imprensa Reuters que Denman e Barry estavam envolvidos em sua operação após eles terem sido capturados. Por telefone, ele disse: “Eles estão trabalhando comigo. Esses são os meus rapazes”. 

Foram apreendidos do grupo de mercenários armamentos e equipamentos táticos, entre eles 13 armas de fogo e uniformes militares do Exército ianque (capacetes com a bandeira do USA), além de celulares de funcionamento via satélite.

Entre os mercenários presos, estavam também Gustavo Adolfo Hernandez e Antonio Sequea, que participaram da tentativa de derrubar o governo de Nicolás Maduro em 30 de abril de 2019, assim como Adolfo Baduet, filho de um general aposentado do Exército venezuelano e ex-ministro da Defesa do país, acusado de realizar diversas ações de desestabilização. 

Entre os mercenários presos na segunda tentativa de invasão, estão dois ex-soldados veteranos do Exército ianque que trabalham na Silvercorp USA. Fotos: Banco de Dados AND

POR TRÁS DOS ATAQUES

Segundo a TeleSUR, na ofensiva do dia 3 de maio foram contabilizados nove mortos entre os mercenários envolvidos. Do grupo que foi levado preso, um deles confessou ser um agente da Administração de Repressão às Drogas (DEA) do USA, e outro foi identificado com Robert Colina, conhecido pelo pseudônimo de “Pantera”, um homem próximo de Clíver Alcalá.

Alcalá é um major-general aposentado do Exército da Venezuela que representa um papel importante da oposição ao governo de Maduro e atuou em diversas tentativas de tirá-lo do poder. 

Alcalá se assume responsável pelos três campos improvisadamente construídos ao longo da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela que receberam mais de 300 militares, entre eles dissidentes venezuelanos e mercenários do USA, no que seria a operação “Gideon”, ou “Gedeon”. Foi em tais campos que Goudreau afirma ter liderado e treinado sua tropa com o objetivo de realizar uma invasão à Venezuela e tomar a capital em uma operação que duraria, segundo ele, 96 horas.  

Em 23 de março de 2019, um caminhão carregado de armamentos e equipamento tático foi apreendido na Colômbia, pelo qual Alcalá também se disse responsável, à época. 

Alcalá está envolvido em uma outra trama de ataques do imperialismo ianque à nação venezuelana. Em 26 de março, o DEA acusou diversos membros e ex-membros do governo venezuelano de participarem de um esquema de “narcoterrorismo”, listando entre eles o próprio Alcalá. No ápice de sua arrogância imperialista, o Departamento de Estado do USA ofereceu uma recompensa de 15 milhões de dólares (cerca de R$ 75 milhões) por informações que incriminassem Maduro.

Apenas um dia após o anúncio da acusação, Alcalá foi levado preso pelo DEA em Bogotá, na Colômbia, e extraditado para Nova York, em 27 de março. 

Segundo informações veiculadas pelo monopólio de imprensa The Associated Press e pela jornalista Patricia Poleo, Alcalá e Goudreau se conectam intimamente com o fantoche do imperialismo ianque Juan Guaidó, que se autoproclamou “presidente” da Venezuela em 2019 apoiado sobretudo pelo USA. 

Poleo apresentou no dia 1º de maio um contrato de 213 milhões de dólares que teria sido firmado entre Guaidó e Goudreau, segundo o ex-boina verde, para que sua empresa Silvercorp USA fornecesse serviços tais como “planejamento estratégico”, “aquisição de equipamentos” e “consultoria de execução do projeto”. Ou seja, Guaidó e seus apoiadores teriam tentado “terceirizar” a organização de uma invasão à Venezuela para derrubar o governo de Maduro. 

Além disso, foram vazadas gravações de áudio de uma teleconferência entre Guaidó e seu chefe de gabinete, Sergio Vergara, e Goudreau, nas quais eles concordam em assinar o contrato. Goudreau acusa a oposição venezuelana ao governo de Maduro de não ter lhe pagado tudo o que devia. Goudreau teria recebido apenas 50 mil dólares do combinado por intermédio de Juan José Rendón Delgado, um consultor político mais conhecido como J. J. Rendón, que vive em Miami. 

Tudo isso ocorre meio a um cenário em que o imperialismo ianque fecha cada vez mais seu cerco militar à Venezuela, aprofundando sua estratégia de guerra de baixa intensidade contra a nação latino-americana, evoluindo-a e tendendo a agressões cada vez mais abertas. 

No início de abril, o cabeça do imperialismo ianque Donald Trump anunciou que o USA estaria dobrando sua presença militar na costa venezuelana, elevando os preparativos e ameaças de uma invasão direta à nação que vive, hoje, sob a influência do imperialismo russo principalmente, como do social-imperialismo chinês, em pugna com o imperialismo ianque.

Armas e equipamentos apreendidos com o grupo de mercenários. Fotos: Banco de Dados AND

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