3,6 milhões: Boicote eleitoral atropela Nunes e Boulos nas eleições paulistas

Boicote foi impulsionado por descrença na velha ordem e propaganda revolucionária nas ruas da capital paulista.
Agitação pelo boicote eleitoral em SP, 2024. Foto: Banco de Dados AND

3,6 milhões: Boicote eleitoral atropela Nunes e Boulos nas eleições paulistas

Boicote foi impulsionado por descrença na velha ordem e propaganda revolucionária nas ruas da capital paulista.

Na disputa para a prefeitura de São Paulo entre o prefeito reacionário Ricardo Nunes (MDB) e o candidato da falsa esquerda Guilherme Boulos (PSOL), o boicote eleitoral (que soma todos os eleitores que não votaram em nenhum candidato) levou a melhor. Foram 3,6 milhões de pessoas que não participaram da farsa eleitoral ou votaram branco ou em nulo.

O número supera tanto aquele conquistado por Ricardo Nunes (3,3 milhões) quanto por Boulos (2,3 milhões). A cidade de SP também foi recorde nacional no número de abstenções, que somam sozinhas 2.940.360 pessoas.

O resultado não foi particularidade de SP: em todo o Brasil, 9,9 milhões de pessoas deixaram de ir às urnas, motivando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a lançar uma investigação para averiguar os motivos.

A tendência é que a investigação não chegue a nenhum resultado, uma vez que a base para o crescimento do boicote é o próprio apodrecimento e crise de legitimidade da velha ordem que as eleições buscam respaldar.

São Paulo é expressão desse fenômeno. As massas populares rejeitaram o projeto reacionário de Ricardo Nunes, baseado na negação de direitos e privatização em massa.

Rejeição à privatização e corte de direitos

Nunes foi responsável por privatizar a Sabesp, apesar das greves retumbantes nos dias 3 de outubro e 28 de novembro de 2024 e 6 de maio de 2024.

Durante seu mandato, cumpriu menos de 50% das promessas de campanha. E atualmente São Paulo é 21a cidade em alfabetização. Ao longo da prefeitura de Nunes, a colocação da capital paulista caiu 19 posições no ranking nacional; atualmente, somente 6% das crianças paulistas estudam em tempo integral.

O vale-tudo para parecer moderado de Guilherme Boulos

“A esquerda recuperou a dignidade”, foi o mote de Boulos após a derrota para Nunes. Não se sabe o que Boulos entende por dignidade, muito menos por esquerda.

A campanha de Boulos foi marcada pelo esforço de se desligar da imagem indevidamente construída de si próprio como “radical” e assumir a pose de “moderado”.

O ápice dessa “propaganda” foi quando aceitou o convite do ultrarreacionário Pablo Marçal (PRTB) para uma sabatina. Nem mesmo Nunes aceitou o convite, mas Boulos, que viu a filha sofrer bullying na escola por conta das mentiras que Marçal contou sobre o psolista, se deixou ser sabatinado.

Até mesmo o pai do candidato se envolveu na campanha. “Meu filho nunca teve radicalismo”, disse, em entrevista à Folha de São Paulo, como se ser radical fosse alguma espécie de doença. “No movimento social, ele era, inclusive, referência da Polícia Militar, porque evitava haver violência durante os despejos, era chamado pela PM para negociar para que as pessoas saíssem sem violência“.

Ou seja, em tempos de ofensiva da reação, de agudização da luta de classes, de mobilização da extrema-direita bolsonarista e em que as massas clamam por uma solução verdadeira aos seus problemas, Boulos apostou justamente na mediação. O garoto da PM.

Processo ativo e consciente

Enquanto Nunes e Boulos foram rechaçados, ativistas revolucionários cativaram a atenção do povo paulista com a propaganda do boicote eleitoral e pela revolução.

SP: Agitação convoca o povo a boicotar as eleições no coração da capital paulista – A Nova Democracia
Na tarde deste sábado (21), ativistas do Comitê de Boicote à Farsa Eleitoral da região de São Paulo fizeram sua primeira atividade de agitação pela campanha
anovademocracia.com.br

Alguns deles chegaram a conformar o Comitê de Boicote à Farsa Eleitoral de 2024 na capital. Outros, ligados a movimentos como o Movimento Estudantil Popular Revolucionário, também chamaram às massas ao debate real da situação política.

Reunião de criação do Comitê de Boicote à Farsa Eleitoral de 2024. Foto: Banco de Dados AND
Reunião de criação do Comitê de Boicote à Farsa Eleitoral de 2024. Foto: Banco de Dados AND

É um processo importante porque revela que o boicote tem como fator impulsionador a propaganda ativa e consciente das massas para o único caminho de solução aos seus problemas.

Massas desejam e empregam luta combativa

Nem a moderação (leia-se: conciliação; oportunismo) nem o reacionarismo cativam mais as massas, nada afeitas ao velho sistema de exploração.

Por outro lado, as consignas revolucionários cada vez mais mobilizam o povo pobre nas favelas e no campo. Exemplo cabal é a luta em curso no campo sob a consigna da Revolução Agrária.

Esta frase, levantada há décadas pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), que sempre denunciou a eleição burguesa como um processo farsesco, foi o motor de uma recente vitória de camponeses em Pernambuco contra bandos pistoleiros. Depois de expulsarem a corja no dia 28 de setembro, retomaram uma nova parcela de um latifúndio neste final de semana.

Em São Paulo mesmo, uma manifestação no mês passado estremeceu a capital com a mesma consigna. Ela substituiu o lema da manifestação anterior, que clamava por “Reforma Agrária”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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