Pedro caído no chão do supermercado Foto: Reprodução
As imagens gravadas mostram o segurança por cima do jovem aplicando um “mata-leão” em Pedro, que está imóvel. É possível ouvir pessoas dizendo que o jovem está roxo e desacordado, mas nada que constrangesse o agente. “Está sufocando ele.”, diz, no momento, um cliente do supermercado.
Bombeiros foram até o local e tentaram reanimar o rapaz. Ele foi levado até o Hospital Municipal Lourenço Jorge, mas teve uma parada cardíaca e morreu. O segurança pagou R$ 10 mil de fiança e já saiu da delegacia impunemente.
O advogado do agente alegou que a jovem vítima, Pedro, estava “alterado”, que havia simulado uma convulsão e, depois, um desmaio, e que havia tirado a arma dele do coldre. Mas, o advogado não explicou como então ele precisou ser reanimado ou, por que então ele morreu se estava fingindo desde o princípio.
O jovem foi assassinado em frente de sua mãe, que avisou que ele tinha problemas mentais e era dependente químico.
A morte de Pedro vai muito além de apenas um caso isolado. Dados de 2018 do “Atlas da violência” apontam que, em 2016, houve um aumento de 7,4% em relação a 2015 no número de jovens mortos de forma violenta. Já no período de dez anos, entre 2006 e 2016, o aumento registrado foi de 23,3%. Deste número, 71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas, com baixa escolaridade e não possuem o ensino fundamental concluído. Os padrões de mortalidade de jovens negros são superiores ao de países em guerra civil. Trata-se de um genocídio da população preta em curso no Brasil, como consequência particular do genocídio do povo pobre em geral.
Um ato em solidariedade pela vida de Pedro Gonzaga ocorrerá domingo, 17 de fevereiro, em frente ao supermercado Extra de Brigadeiro, em São Paulo.