‘Sem Linhas Vermelhas’ –  O que sabemos sobre a retaliação que virá do Irã contra Israel

‘Sem Linhas Vermelhas’ –  O que sabemos sobre a retaliação que virá do Irã contra Israel

Reproduzimos abaixo um artigo publicado no portal Palestine Chronicle. O Palestine Chronicle é um portal online dedicado à cobertura jornalística dos eventos na Palestina. O Editor-chefe de Palestine Chronicle é o conselheiro editorial de AND, Ramzy Baroud. Ramzy Baroud foi entrevistado pelo AND no programa A Propósito, na edição que pode ser conferida aqui.

Hujjat al-Islam Taeb, conselheiro do comandante-chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, declarou no domingo que a resposta ao assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh seria inesperada e significativa.

Acrescentou que o cenário planejado para vingar Haniyeh não pode ser facilmente previsto, tornando a situação  absolutamente instável em Israel 

O conselheiro militar também mencionou que o investimento econômico em Israel está diminuindo, com o capital deixando a região.

No mês passado, o jornal israelense Maariv relatou que 46 mil empresas israelenses fecharam as portas desde o início da guerra em Gaza (7 de outubro), com projeções indicando que o número pode aumentar para 60 mil até o final do ano.

O conselheiro da Guarda Revolucionária explicou ainda que o primeiro-ministro Netanyahu procura escalar a operação em Gaza para uma guerra regional arrastando o Estados Unidos. Ele enfatizou que a era de domínio americano terminou e que a política norte-americana de dissuasão não tem mais efeito algum.

Embora não tenha havido nenhum comentário imediato de Israel sobre as declarações de Taeb, autoridades israelenses afirmaram anteriormente que estão preparadas para qualquer cenário e estão desenvolvendo planos de contingência em antecipação a uma resposta militar iraniana.

Alerta máximo

Israel está se preparando para uma resposta militar do Irã e do Hezbollah, elevando seu nível de alerta ao mais alto após o assassinato de Haniyeh, que ocorreu um dia após o assassinato do comandante do Hezbollah, Fouad Shukr, em Beirute.

Em resposta a esses eventos, o Estados Unidos têm enviado navios de guerra e caças adicionais para proteger Israel de potenciais ameaças do Irã e seus aliados, particularmente o movimento libanês Hezbollah.

 Em meio ao aumento das tensões, muitos países emitiram avisos para que seus cidadãos deixem o Líbano imediatamente.

Todas as linhas vermelhas

Mais cedo no domingo, uma autoridade iraniana disse à Al Jazeera que Israel cruzou “todas as linhas vermelhas” com o assassinato de Haniyeh em Teerã, e confirmou que Israel enviou mediadores para acalmar a situação.

A fonte insistiu que Israel deve enfrentar as consequências de suas ações, afirmando: “Não temos dúvidas de que pagará um alto preço”.

A autoridade também rejeitou a idéia de Teerã se abster de responder ou de dar uma resposta apenas simbólica, afirmando que qualquer retaliação seria “dura e dolorosa”.

A fonte também mencionou que, após Israel violar a soberania iraniana, enviou mediadores para tentar acalmar os ânimos , porém o Irã desconsiderou a tentativa israelense.

A autoridade iraniana mencionou a visita do Ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, dizendo que ele chegou a Teerã levando mensagens do Rei da Jordânia e dos líderes do Estados Unidos e Israel.

Foi anunciado que “Teerã entregará duas mensagens a Safadi: uma para a liderança jordaniana e outra para os Estados Unidos e Israel.”

Reunião com ministro jordaniano

Safadi chegou a Teerã mais cedo no domingo para se encontrar com autoridades iranianas, incluindo o Ministro Interino das Relações Exteriores do Irã, Ali Bagheri Kani.

Após a reunião, Safadi esclareceu que não estava levando uma mensagem de Israel, afirmando: “O primeiro passo para evitar mais tensão na região é parar a guerra de Israel contra Gaza.”

Ele acrescentou que o propósito de sua visita a Teerã era resolver as diferenças entre os dois países de forma transparente, de uma forma que se alinhasse com os interesses de ambos países 

Expectativas EUA-Israel

Enquanto isso, o site americano Axios relatou expectativas de fontes americanas e israelenses de que o Irã realizará um ataque contra Israel, possivelmente começando na segunda-feira, coincidindo com a visita de um comandante militar americano à região para reunir apoio a Israel .

Axios relatou que autoridades americanas e israelenses antecipam que o Irã pode lançar um ataque a Israel a qualquer momento.

“Autoridades americanas esperam que qualquer retaliação iraniana seja do tipo que se deu em 13 de abril contra Israel — contudo bem maior potencialmente —  podendo envolver o Hezbollah no Líbano”, disse o relatório.

De acordo com o site, autoridades americanas e israelenses não têm certeza se o Irã e o Hezbollah coordenarão seus ataques ou operarão de forma independente.

Eles acreditam que “tanto o Irã quanto o Hezbollah ainda estão trabalhando para finalizar seus planos militares e aprová-los no nível político”, acrescentou o relatório.

Porta-aviões do EUA

O secretário de Defesa do EUA, Lloyd Austin, anunciou o envio do porta-aviões Abraham Lincoln para o Mediterrâneo oriental assim como um esquadrão de caças F-22 para se juntar ao porta-aviões Roosevelt estacionado no Oceano Índico perto do Mar Arábico. 

Vários contratorpedeiros também foram enviados para a costa de Israel.

Um funcionário americano citado pela Axios disse que a decisão de Washington de reforçar a sua presença militar na região tinha como objetivo dissuadir o Irã e o Hezbollah, influenciando suas estratégias militares.

Em meio às crescentes tensões, o general Michael Kurilla, que comanda as forças do EUA no Oriente Médio, iniciou uma visita a vários estados do Golfo, bem como à Jordânia e a Israel.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu convocou uma reunião do gabinete de segurança no domingo para avaliar a situação.

O jornal Yedioth Ahronoth relatou que as autoridades políticas e de segurança israelenses intensificaram as consultas com o Estados Unidos sobre como responder a potenciais ataques e que as autoridades discutiram a possibilidade de lançar um ataque preventivo.

O jornal também observou que os ministérios foram instruídos a se preparar para todos os cenários, incluindo a possibilidade de uma guerra multifrontal envolvendo milhares de alvos.

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