Após um fim de semana sangrento nas favelas de Manguinhos e no Complexo da Penha, nessa segunda-feira moradores dessas localidades ficaram impedidos de deixar suas casas pela manhã por conta do rescaldo das operações do final de semana que deixaram ao menos duas pessoas mortas. No domingo (4) PMs da UPP de Manguinhos balearam um jovem de 17 anos ainda não identificado e fugiram do local sob protestos de moradores. Ele foi socorrido por vizinhos, mas não resistiu aos ferimentos. Até as 21h, a página Fala Manguinhos ainda publicava atualizações dando conta de tiros e explosões de granadas na localidade Vila Turismo após a chegada do BOPE. Na manhã dessa segunda-feira (5), policiais voltaram à favela para uma nova operação.
No Complexo da Penha, policiais do BOPE mataram um jovem de 15 também não identificado na tarde de domingo (4), causando revolta e transformando em um caos o que seria um domingo de descanso. Na segunda-feira, o dia ainda amanhecia quando PMs voltaram ao Complexo da Penha, dando início a um intenso tiroteio e deixando milhares de trabalhadores ilhados em suas casas. Casas foram invadidas e muitos moradores relataram pelas redes sociais que tiveram pertences furtados por policiais nas favelas Vila Cruzeiro, Morro da Fé e Morro do Sereno.
Na semana passada (1), um caso de violência da polícia ali ao lado, no Complexo do Alemão, repercutiu no monopólio dos meios de comunicação e nas redes sociais. Um jovem de 11 anos foi baleado na perna por PMs da UPP e teve que se atirar em um rio para não ser morto. Segundo relato de integrantes do Coletivo Papo Reto, PMs ainda jogaram granadas em direção ao menino que teve sorte e conseguiu sobreviver. O amigo do jovem, que teria apenas 13 anos, foi torturado por policiais para que dissesse onde o garoto havia se escondido. De acordo com moradores que testemunharam o acontecido, PMs teriam disparado quando viram dois jovens negros em uma moto e, ao perceberem que não eram traficantes, correram para matar e forjar o garoto baleado com medo de serem denunciados.