Servidores da saúde protestam no mundo inteiro por melhores condições de combate à Covid-19

Servidores da saúde protestam no mundo inteiro por melhores condições de combate à Covid-19

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No dia 6 de abril, cerca de 50 médicos foram presos no Paquistão durante à brutal repressão a um protesto contra a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e outras condições mínimas para se combater o novo coronavírus. Assim como no Paquistão, outros países como USA, México e Zimbabwe, os servidores da saúde também protestaram pelo seu direito a se proteger e de tratar as massas com qualidade.

Paquistão

Médicos presos por protestar em Quetta tiram foto de dentro do camburão policial. Fonte: Associação de Jovens Médicos

A polícia de Quetta deteu pelo menos 50 médicos que protestavam contra a falta de kits de EPI para os trabalhadores da saúde, disseram representantes do sindicato dos médicos.

Representantes da Associação de Jovens Médicos (AJM), que organizou o protesto, disseram que pelo menos 67 membros foram presos no dia 6 de abril. “Os médicos saíram em busca de equipamentos, e os policiais bateram neles e depois os prenderam. Que tipo de lei é essa?”, disse Dr. Rahim Khan Babar, um porta-voz da AJM.

As filmagens do protesto do dia 6 mostram dezenas de médicos entoando palavras de ordem e criticando o governo da província. Pouco depois, a polícia chega para reprimir o protesto, entrando em choque com vários dos manifestantes e detendo dezenas. No dia seguinte, médicos de toda a província entraram em greve contra a detenção de seus colegas.

Quetta é a capital do Baluchistão, a maior, porém menos povoada província do Paquistão e a mais pobre, que tem apresentado alguns dos mais baixos indicadores socioeconômicos do país há anos.

USA

Enfermeira de um hospital no Bronx segura placa escrita “Precisamos de EPIs” e “Estamos em risco; Os pacientes estão em risco”. Foto: Brendan Mcdermid/Reuters

No dias 1 e 2 de abril, enfermeiras registradas em sete estados protestaram contra falta de importância que o governo têm dado à vida das massas populares e a negligência para com o combate ao coronavírus.

Na Flórida, os protestos aconteceram em sete hospitais diferentes. De acordo com um comunicado à imprensa, uma enfermeira do hospital Blake Medical relatou ter sido enviada para casa por trazer sua própria máscara N95, e outra disse que lhes disseram para entrar na sala de uma paciente sob investigação sem uma N95, mesmo que todos os outros funcionários na sala a tivessem.

Também nos dois primeiros dias de abril, enfermeiros do Centro Médico Del Sol, em El Paso (Texas) protestaram contra o descaso dos gerentes do seu local de trabalho com a sua saúde. De acordo com os enfermeiros, uma médica do hospital, após ter voltado de uma viagem internacional, não foi posta em isolamento domiciliar pelos gerentes do hospital, conforme o procedimento local. Ao invés disso, ela voltou ao hospital para trabalhar. Mais tarde, a médica testou positivo para a Covid-19, mas ela já havia entrado em contato com mais de 50 médicos e enfermeiros. Os enfermeiros, mesmo temerosos de terem a doença, e ainda aguardando o resultado dos testes, foram obrigados a continuar trabalhando, colocando, assim, a si mesmos, seus colegas, familiares e todos os pacientes sem o novo coronavírus em risco.

Na Califórnia, dezenas de enfermeiras protestaram em frente a dois hospitais de San Jose no dia 1 de abril, exigindo mais EPI enquanto tratam pacientes com coronavírus. “Todos os dias que fui para casa não beijei ou abracei minha filha por duas ou três semanas. Eu vou para casa, tomo banho e vou para meu próprio quarto”, disse Diane Pham, uma enfermeira residente no local.

Em Nova Iorque, 28 de março, enfermeiros do Centro Médico Jacobi realizaram uma coletiva de imprensa para denunciar a falta de suprimentos médicos suficientes e revisões repentinas nas diretrizes de segurança sobre a reutilização de equipamentos de proteção no tratamento de pacientes com coronavírus. Os enfermeiros também protestaram fora do hospital.

México

Trabalhadores do Instituto Mexicano de Previdência Social protestam no dia 31 de março na Cidade do México.JOSÉ MÉNDEZ / EFE

Em Monclova (Coahuila), servidores da saúde, na última semana de março, protestaram nas portas dos hospitais contra a morte de um médico, além da infecção de outros 26 servidores que contraíram o novo coronavírus devido à falta de equipamentos para a sua proteção. Os servidores já haviam protestado contra a situação de calamidade cinco dias antes da morte do médico.

Também em Coahuila, na cidade de Terreon, servidores da saúde da cidade foram às ruas para protestar. Os protestos se repetiram ao longo da semana em diferentes partes do país. Em Culiacán, capital de Sinaloa, a equipe do Hospital Regional de Saúde Número 1 denunciou a falta de máscaras e protocolos para tratamento de pacientes com coronavírus. No dia 2 de abril, um banner dizia: Não queremos ser mais um caso Monclova!

Exigências semelhantes foram feitas pelos funcionários dos hospitais do Instituto Mexicano de Previdência Social (IMSS) em León e Irapuato, no estado de Guanajuato. Enquanto em Guerrero, um dos estados mais pobres e esquecidos do país, os enfermeiros também saíram às ruas para exigir os suprimentos necessários. Em Acapulco, também em Guerrero, os trabalhadores do Serviço Médico Legal protestaram, exigindo materiais adequados ao seu trabalho.

Zimbábue

Médicos e enfermeiros dos hospitais públicos do Zimbábue entraram em greve no dia 25 de março por falta de equipamentos de proteção. De acordo com os médicos, o sistema de saúde de Zimbábue já estava próximo ao colapso mesmo antes do coronavírus, com as famílias de alguns pacientes tendo de fornecer o básico aos hospitais, como luvas e água limpa.

O porta-voz da Associação de Médicos de Hospitais de Zimbábue, Tapiwa Zvakada, disse que os médicos não retomarão o trabalho até que o governo semicolonial forneça o equipamento adequado para sua proteção enquanto tratarem os pacientes durante o surto.

“Decidimos retirar nossos serviços para garantir que a administração obtenha os EPI necessários. Não podemos continuar a trabalhar sem isso”, disparou. “Também pedimos às autoridades que discutam conosco os subsídios de risco, pois não somos poupados por esta doença”, disse Zvakada.

Médicos e enfermeiros protestam em Harare em 16 de setembro de 2019, dois dias após o desaparecimento do Dr. Peter Magombeyi, liderança da greve. Os trabalhadores acusam as forças de repressão do velho Estado pelo seu sequestro. REUTERS/Siphiwe Sibeko

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