A Polícia Militar de São Paulo impôs um sigilo de cem anos sobre todos os processos administrativos disciplinares do coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, que foi comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (a genocida Rota, “tropa de elite” da PM paulista). Em 20 de junho, Mello Araújo, que também é político pelo PL de Bolsonaro, foi nomeado como vice da chapa de Ricardo Nunes (MDB), que concorre a reeleição para a prefeitura de São Paulo.
Em resposta a uma solicitação do monopólio de imprensa Estado de São Paulo, a PM afirmou que Mello Araújo foi investigado no âmbito das ocorrências durante o período em que atuou como agente da repressão. A corporação genocida também disse que os casos foram todos arquivados, não tendo sido abertos nenhum processo judicial. Contudo, o acesso aos dados foram todos negados.
A alegação para impor o sigilo foi que as informações contidas nas ocorrências do ex-comandante da Rota violam o artigo 31 da Lei de Acesso à Informação (LAI), de que “informações pessoais relativas à vida privada, honra e imagem terão acesso restrito”. É de se questionar o que de pessoal há em informações relativas ao período em que Mello Araújo comandou a Rota.
A decisão da PM viola o entendimento da Controladoria Geral da União (CGU) de que, uma vez finalizado o julgamento, os processos podem vir a público. Além disso, a CGU considera que não se pode afirmar que são “informações pessoais” de forma “abstrata”.
Farsa eleitoral em SP é marcada pelo aval aos massacres nas periferias
O ex-PM Mello Araújo (PL) foi indicado pelo ex-presidente genocida Jair Bolsonaro (PL) e pelo governador ultrarreacionário de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Aceitá-lo como vice foi a condição do MDB receber o apoio eleitoral do PL e do Republicanos.
Ao firmar a coligação, a chapa reacionária constituiu-se como a terceira bolsonarista disputando a prefeitura da maior metrópole do País. Além da chapa apoiada de Ricardo Nunes, o arremedo de fascista Kim Kataguiri (União Brasil) e o coach falastrão Pablo Marçal (PRTB) são outros candidatos dentro do campo do bolsonarismo.
Se não há dúvidas que dentre os bolsonaristas o apoio aos massacres nas favelas e periferias continuará, a falsa esquerda e oportunista, coesionada na chapa de Guilherme Boulos (Psol), segue sinalizando às classes dominantes de São Paulo que não é nenhuma ameaça a continuidade do genocídio contra o povo pobre da cidade. Assim como Ricardo Nunes, Boulos também escolheu um ex-comandante da Rota para ser seu vice. Trata-se do coronel da reserva Alexandre Gasparian, que ficou no comando das tropas genocidas no período entre fevereiro e setembro de 2015, durante o governo de Geraldo Alckmin (figura frequente nos eventos eleitoreiros de Boulos). Durante o período em que ficou Gasparian ficou a frente, ocorreram pelo menos dois massacres resultando em 20 mortos, dois deles eram homens rendidos assassinados covardemente.