Sionistas se juntam em censura contra artistas pró-Palestina na UFRJ com falsas acusações de ‘antissemitismo’; artistas respondem

Com textos publicados na verdadeira fábrica de “notícias” pró-sionismo The Jerusalem Post, Klajman publicou no dia 22 de abril uma série de imagens no Instagram contra um inexistente “antissemitismo” no Centro Acadêmico de Belas Artes (Caeba) da universidade.

Sionistas se juntam em censura contra artistas pró-Palestina na UFRJ com falsas acusações de ‘antissemitismo’; artistas respondem

Com textos publicados na verdadeira fábrica de “notícias” pró-sionismo The Jerusalem Post, Klajman publicou no dia 22 de abril uma série de imagens no Instagram contra um inexistente “antissemitismo” no Centro Acadêmico de Belas Artes (Caeba) da universidade.

A campanha de censura contra artistas pró-Palestina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em especial o designer Nicolas Bezerra, ganhou um novo capítulo com a entrada da “jornalista” sionista Daphne Klajman na jogada.

Com textos publicados na verdadeira fábrica de “notícias” pró-sionismo The Jerusalem Post, Klajman publicou no dia 22 de abril uma série de imagens no Instagram contra um inexistente “antissemitismo” no Centro Acadêmico de Belas Artes (Caeba) da universidade.

As imagens feitas por Klajman atacam diretamente os pôsteres produzidos pelo artista gráfico Nicolas Bezerra, em particular aqueles feitos em homenagem ao líder palestino Yahya Sinwar e às vitórias militares dos guerrilheiros palestinos contra o Exército genocida de Israel. 

A publicação foi feita em colaboração com os perfis sionistas Pietra Mainfeld, The Oy Vey Gram, Hasbará Brasil, Pletzcom e Juventude Judaica Organizada (JJO) – cuja foto de perfil é uma montagem do Theodore Herzl, um dos fundadores da ideologia sionista. O perfil da JJO também defende que “antissionismo = antissemitismo”, deixando bem claro o caráter da pseudodenúncia de Klajman e seus colegas.  

Dois pesos, duas medidas

Um dos pôsteres mostra a bota de um guerrilheiro esmagando um tanque israelense com uma Estrela de Davi embaixo, acompanhado da frase Mãos fora de Gaza!.

“A estrela é usada para identificar o tanque como israelense, até porque essa estrela não é só um símbolo religioso, e sim o próprio símbolo do Estado de Israel, colocada bem no centro da bandeira do regime genocida”, explica o artista. “Você pode ver que eu não uso o Menorá e o Shofar, que também são símbolos do judaísmo, em nenhum pôster meu. O intuito é claro: protestar contra o Estado de Israel e o genocídio do povo palestino”. 

Na publicação, Klajman descreveu o pôster como “um sapato esmagando a estrela de Davi”, sem fazer nenhuma referência ao tanque de guerra. O veículo militar se tornou um dos símbolos da guerra em Gaza, tanto pelo seu uso no genocídio do povo palestino quanto pelas vitórias dos combatentes que explodiram várias unidades blindadas com foguetes fabricados pelas próprias forças da resistência.  

A mesma estratégia foi usada por Klajman em referência a um pôster que mostra um guerrilheiro palestino alvejando um militar israelense, identificado com farda, capacete e uma mochila militar e marcado com uma estrela de Davi para identificar o Estado que o patrocina. Novamente, Klajman condenou o pôster sem fazer referência ao alvo como um militar. 

Para Klajman, o uso da estrela nos pôsteres é uma ofensa porque ela é um “símbolo milenar do povo judeu”. 

Em contraposição, o artista gráfico sob processo de censura condena o que chama de “dois pesos, duas medidas” dos sionistas. “É curioso, porque eles criticam quando a estrela é usada para protestar contra o Estado de Israel, mas não condenam os soldados que desenharam a Estrela de Davi nas terras de Gaza com tanques Merkava depois de destruírem todo o território palestino e matarem mais de 40 mil palestinos”, comenta ele. “O uso desse suposto símbolo religioso no genocídio de um povo não é mais inadequado que em um pôster?”.

Marcas da Estrela de Davi: Soldados israelenses humilham palestinos em Hebron – A Nova Democracia
Soldados israelenses em Hebron estão usando símbolos religiosos como a Estrela de Davi para humilhar estudantes e moradores palestinos, exacerbando as lutas diárias da vida sob ocupação militar.
anovademocracia.com.br

Bezerra se refere a somente um dos usos da Estrela de Davi pelos soldados sionistas para tentar humilhar o povo palestino. Várias informações de veículos palestinos e internacionais revelaram casos em que soldados entalharam, com facas, o símbolo na pele de palestinos, mesmo antes do 7 de outubro de 2023. Em outros casos, soldados riscaram símbolos islâmicos de livros didáticos de crianças palestinas e os substituíram pela estrela usada pelo regime israelense.

Livros marcados com a Estrela de Davi. Foto: Reprodução/Palestine Chronicle

Falso antissemitismo 

A campanha de censura foi iniciada por um processo contra Nicolas Bezerra movido pela Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) e pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) depois de uma exposição pró-Palestina feita por estudantes do curso de Belas Artes da UFRJ. A exposição contou com cartazes, pinturas e apresentações musicais feitas por estudantes e professores da instituição. 

O jornal A Nova Democracia acessou o processo na íntegra e apurou que a UFRJ forneceu fotos, números de documentos, endereço e outras informações sensíveis de Nicolas Bezerra aos sionistas.

Em resposta ao processo, ativistas pró-Palestina, judeus antissionistas, professores e estudantes organizaram um grande ato de desagravo ao estudante Nicolas Bezerra.

Dezenas de pessoas e organizações compareceram ao protesto, que também mobilizou personalidades como Carlos Latuff a publicarem vídeos nas redes sociais contra a censura. “O ato foi muito importante. Alguns sionistas apareceram para fotografar os ativistas, mas não nos intimidamos”, conta o artista gráfico. 

Todo o processo se baseia na equiparação do antissemitismo ao antissionismo, como defende a Juventude Judaica Organizada. A falsidade dessa equiparação é amplamente denunciada por ativistas e pesquisadores da causa palestina, como o israelense Ilan Pappé, no livro 10 minutos sobre Israel. Especificamente no Brasil, um artigo escrito pelo presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, denunciou a “farsa do aumento do ‘antissemitismo no Brasil’”.

“Como acontece essa farsa? Simples: aumentando o especto do que seria antijudaísmo. Então, criticar o regime ‘israelense, portanto, o estado de supremacia racial e de apartheid, que sequestre o judaísmo e o adota como critério de supremacia, passa a ser ‘antissemitismo’”. 

“A farsa é tão descabida e gritante, que as duas organizações [Federação Israelita de São Paulo e Conib] nem escondem desde quando ela começa: de 7 de outubro de 2023 em diante, quando “israel” inicia, proporcionalmente, a maior matança de civis da história, especialmente de mulheres e crianças”, escreve Rabah.

“O que de fato aumentou foi a capacidade crítica da opinião pública, brasileira e mundial, frente ao que se dá na Palestina, que a levo a compreender  que ‘israel’ comete um genocídio desde que o sionismo se faz estado, por autoproclamação, em 1948, e mesmo desde bem antes”, segue ele. 

Novos cartazes

Apesar do avanço da campanha dos sionistas, o artista gráfico Nicolas Bezerra segue com seu trabalho. Recentemente, ele produziu novos cartazes e criou um site, que pode ser acessado aqui.

O artista também está movendo uma campanha de apoio financeiro ao seu trabalho, conforme pode ser lido nesta publicação.

Alguns novos cartazes podem ser vistos abaixo e também acessados e comprados no perfil do Instagram visual.resistance. 

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