A aumento do preço da energia e dos alimentos, itens básicos para o povo brasileiro, fizeram a inflação crescer 0,56% em outubro, com alta de 0,56%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados hoje (8/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A elevação ocorreu após alta de 0,44% em setembro, impulsionada pelos mesmos grupos.
Com a nova variação, o IPCA de 2023 acumula alta de 3,88%. Nos últimos 12 meses, o índice já bateu 4,76%, acima do teto de inflação do Banco Central, em 4,5%.
Precarização energética
A energia foi o principal motivo da alta, com aumento de 4,74% da energia elétrica residencial depois da imposição, pela Agência Nacional de Energia Elétrica, de bandeira tarifária vermelha patamar 2 desde o dia 1° de outubro. A medida acrescenta R$ 7,877 a cada 1 kwh consumidos.
O que está por trás da alta é a precariedade do sistema energético nacional. No Brasil, país que consome pouca energia elétrica (21 mil kwh-hora, abaixo da média mundial e mesmo de países com economia similar e geograficamente menores, como Chile, Argentina e Venezuela), há municípios que estão até hoje fora do sistema Interligado Nacional. Muitos desses territórios precisam usar óleo diesel para gerar energia, com preço subsidiado e compartilhado na conta nacional – algo que, por mais que justo, tem sua base na precarização da energia nacional.
Ao mesmo tempo, o Estado brasileiro, controlado pelo imperialismo (interessado na subjugação brasileira) e pelas classes dominantes que lucram com os altos preços de energia, nunca montou um plano de usar o petróleo de forma mais generalizada na geração de energia, algo defendido por entidades como a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet). O petróleo é explorado e importado, na forma crua, para países imperialistas. Outras fontes de energia, como biogás e biomassa, também não são exploradas.
Exportação recorde de carne
Paralelamente, a alimentação no domicílio subiu de 0,56% em setembro para 1,22% em outubro. As carnes tiveram pico de 5,81%, com alta no corte de acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%).
A baixa no mercado interno, que geralmente motiva a alta, ocorreu porque os latifundiários da agropecuária optaram por exportar a carne como forma de obter mais lucro. A opção é permitida pelo governo, que não força os latifundiários a manter, no Brasil, uma quantia suficiente para abastecer o mercado interno.
Enquanto a inflação subiu, as exportações de carne cresceram 34% em outubro, com volume recorde de 319.386 toneladas. É o terceiro mês consecutivo que a exportação supera 300 mil toneladas. O valor pago pelos importadores (normalmente imperialistas) foi de 4,3 mil dólares (R$ 24,8 mil) por tonelada, uma alta de 5,7% em relação a 2023. Os três principais compradores foram a China social-imperialista, o Estados Unidos e o Emirados Árabes Unidos.
Além da carne, o tomate e o café moído também subiram, com alta de 9,82% e 4,01% respectivamente. No lado da queda, a manga teve baixa de 17,97%, seguida do mamão, 17,83% e cebola, 16,04%.
A Saúde e cuidados pessoais foi outro grupo que registrou alta, com alta de 0,53% nos planos de saúde. Uma alta autorizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar para os planos contratados antes da Lei n° 9.656/98 fizeram as famílias brasileiras pagarem mais pela saúde privada – opção encorajada pelo desmonte da Saúde pública brasileira.
Juros do BC e silêncio do governo
As famílias ainda tendem a sofrer com a alta dos juros. Como a inflação cresceu, já superou a meta calculada pelos sanguessugas do Banco Central (BC), é provável que o novo presidente indicado por Luiz Inácio, Gabriel Galípolo, aumente a taxa básica de juros (Selic) ou a mantenha no valor elevado de 10,75%.
A inflação alta é reflexo de uma estratégia falha da economia burguesa para controlar a inflação. A lógica é que, com os juros altos, a economia tende a desacelerar porque as pessoas vão contrair menos empréstimos e comprar menos. O problema é que os preços não são definidos pela lógica básica de oferta e procura, e sim por carteis monopolistas que controlam a economia.
A longo prazo, os juros altos encarecem a produção e levam à alta na inflação. No fim de tudo isso, quem mais se beneficia são os bilionários imperialistas que vivem da compra de títulos da dívida pública.
A equipe econômica do governo ainda não se pronunciou sobre a alta. Essa semana, eles passaram alguns dias ocupados com a discussão dos cortes de gastos, que devem afetar direitos básicos do povo, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e orçamentos como o do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que deixará de contar como despesa obrigatória.