O Médico Walter Vieira, sócio do PCS Saleme, laboratório privado envolvido no escândalo dos órgãos transplantados contaminados com o vírus HIV no Rio de Janeiro, foi reconduzido ao cargo que ocupava na Secretaria de Saúde pela Prefeitura de Nova Iguaçu. O nome do médico consta no Diário Oficial da Prefeitura lançado no último dia 6/1.
Relembre o caso
Em outubro do ano passado, ocorreu um escândalo sem precedentes no Programa de Transplantes do Rio de Janeiro, após o laboratório PCS Saleme autorizar para transplante órgãos contaminados com o vírus HIV. Seis pacientes foram contaminados após receberem os órgãos. Foi o primeiro caso do tipo confirmado em todo o país.
Segundo depoimento dos funcionários – também acusados dos crimes – o problema teve início após os sócios do laboratório quererem economizar no controle de qualidade. O laboratório sempre negou essa informação e os donos da empresa alegaram primeiro que a culpa era dos funcionários. Meses após, foi revelado pelo Monopólio de imprensa O Globo que a defesa mudou a versão e alegou à Secretaria de Saúde que os erros podem ter sido causados pela “janela imunológica” da infecção nos doadores e que falhas em apenas dois exames dentre 300 feitos para a Central de Transplantes em um ano estão “dentro do limite da aceitabilidade”.
Médico de alto cargo na Prefeitura era um dos sócios do laboratório
Walter é servidor da prefeitura de Nova Iguaçu desde 2009, e atuou como presidente do Comitê Gestor de Vigilância e Análise do Óbito Materno Infantil e Fetal de Nova Iguaçu. Após o escândalo em outubro do ano passado envolvendo o laboratório PCS Saleme, do qual ele era sócio, ele foi afastado de seu cargo na Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu.
Denunciado e preso, ele foi um dos responsabilizados pelos crimes contra a relação de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária. Walter Vieira e todos os outros acusados foram soltos em dezembro do ano passado e vão responder em liberdade.
A defesa de Walter alega que o médico não está proibido de exercer a medicina, e que a medida cautelar imposta a ele se refere ao exercício de atividade profissional relacionada ao ramo de laboratório de análises clínicas.
Já a prefeitura alegou que Walter é concursado e pode voltar ao cargo já que não houve julgamento nem condenação. Ela também não especificou onde ele atuará ou se retomará a função no Comitê.
Segundo o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), há uma sindicância aberta para apuração sigilosa da ação do médico. A pena pode variar de uma advertência para a cassação do registro profissional de Walter Vieira.