SP: Atentado em escola deixa jovem morta e três feridos

Um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, zona leste de São Paulo, deixou três alunos feridos e uma estudante morta na manhã do dia  23 de outubro.
Escola Sapopemba foi alvo de ataque. Foto: Marcela Coelho/Redação Terra

SP: Atentado em escola deixa jovem morta e três feridos

Um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, zona leste de São Paulo, deixou três alunos feridos e uma estudante morta na manhã do dia  23 de outubro.

Um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, zona leste de São Paulo, deixou três alunos feridos e uma estudante morta na manhã do dia  23 de outubro. A jovem assassinada se chamava Giovanna Bezerra da Silva e tinha 17 anos. O adolescente autor dos disparos tem 15 anos e foi detido e levado à uma delegacia. Este é o nono atentado em escolas no País e o segundo no estado de São Paulo somente neste ano, sinal do agravamento da crise geral, inclusive moral, a qual o Brasil está submetido.

Segundo relatos de estudantes, o ataque se iniciou ainda às 7h20 da manhã. O adolescente que efetuou os disparos teria ameaçado cometer o massacre em retaliação às constantes agressões que sofria por ser homossexual. A arma que foi utilizada no ataque estava registrada no nome do seu pai e há a hipótese de envolvimento de outro suspeito foragido no ataque. 

Grave quadro

Embora as causas do ataque não tenham sido confirmadas ainda, tais atentados à escolas têm raízes profundas no apodrecimento das relações sociais em meio a crise política, econômica, social e cultural em que atravessa o País. A decomposição destas relações são respaldadas em toda sorte de desprezo à humanidade e a todos, estimulado pelo culto ao individualismo elevado à máxima potência, no isolamento absoluto da vida social e consequente solidão, e nas discriminações e preconceitos e valores incutidos socialmente durante décadas de produção reacionária sobre as questões que afligem as massas populares. 

Esses sintomas morais e ideológicos da decomposição da velha sociedade são agravados ainda pela falta de perspectiva profunda causada pela crise geral, sobretudo econômica. Atualmente, 27% dos jovens estão sem estudo e sem trabalho. Cerca de 5,2 milhões de jovens até 24 anos estão desempregados. Nesse cenário aterrador, crescem os números de atentados dos jovens, contra si próprios ou contra terceiros, instigados pela busca por “soluções” ou pela extravasação, nas piores formas, de toda a falta de perspectiva que lhes é reservada.

Demagogia

Após o ocorrido, o governador reacionário de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), em sua lamentação farsesca pelo atentado, afirmou que o governo falhou e que ainda não é capaz de combater a homofobia e o bullying e que, embora a escola seja um modelo e tenha atendimento psicológico e ronda policial, não conseguiram prever o ataque. 

Apesar das lamentações, desde a explosão de atentados nas escolas no início do ano, o governo de São Paulo, palco de dois desses ataques, pouco fez para reverter o quadro de adoecimento profundo da juventude, mesmo que na superfície. Em abril, o governo prometeu contratar 550 psicólogos após o ataque que vitimou a professora Elizabeth Tenreiro. Os profissionais, em número insuficiente, só passaram a atuar depois de mais de cinco meses do ocorrido. Segundo o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, pelo menos 1,1 mil psicólogos deveriam ser contratados para conseguir começar a dar conta do problema. 

“Teriam que ser dois psicólogos de 6 horas para cada escola, minimamente. Com toda essa demanda, quem vai ter um problema de afastamento de saúde mental será o psicólogo. Ou ele entra para somar ou ele entra para dividir toda a tristeza que acontece dentro da escola”, afirmou a psicóloga Valéria Campinas Braunstein, ao monopólio de imprensa G1. 

Enquanto isso, o governo deve aproveitar do recente ocorrido para dar cabo aos programas de “policiamento” dentro das escolas, medida ineficaz que, longe de representar maior segurança para os estudantes e toda comunidade escolar, apresenta o oposto, uma vez que o policiamento dentro das escolas representa maior cerceamento das liberdades democráticas, com consequente diminuição da participação dos estudantes em atividades sociais e políticas, além do aumento dos casos, já existentes, de agressões e outras violações contra os estudantes e seus direitos.

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