No dia 25 de novembro, cerca de 100 vendedores informais do Brás, em São Paulo, se revoltaram contra uma ação da Receita Federal de apreensão de suas mercadorias, impedindo, assim, o seu direito a trabalhar, seu único meio de sobrevivência. Os trabalhadores destruíram três viaturas da Receita Federal com barras de metais e pedras e cerca de oito agentes que realizavam a operação anti-povo ficaram feridos. Um trabalhador de 37 anos foi detido após arremessar uma pedra contra a viatura da PM e por ter resistido à abordagem, rasgando o fardamento do policial reacionário.
O Brás é um bairro tradicional da cidade de São Paulo justamente pelo seu comércio, e conta com centenas de trabalhadores vendedores informais no local. As operações no local já vinham acontecendo desde o dia 07/11, promovidas pela Receita Federal em conjunto com a Subprefeitura da Mooca. Após ter suas mercadorias apreendidas pelo menos duas vezes desde o início do mês, os vendedores se rebelaram.
Uma vendedora imigrante chinesa do Brás, Lili Shoeng, relatou, no dia 26/11, sobre as fiscalizações: “Sem trabalhar. A mercadoria a polícia leva tudo, não temos dinheiro para comer, para pagar o aluguel”. Ela também relata que a polícia impõe terror nos vendedores com as apreensões, com muitas senhoras anciãs que trabalham no local passando mal uma vez que a polícia se aproxime. Ela afirma: “Só sei que a polícia não é boa”.
Como efeito das operações criminosas contra os ambulantes, no dia 17/11, segundo o Diário do Transporte, um agente do Metrô de São Paulo foi esfaqueado no braço após tentar apreender as mercadorias de um grupo de ambulantes. O trabalhador preso apareceu em uma foto com sinais de espancamento.
QUASE 65 MILHÕES DE BRASILEIROS NA INFORMALIDADE
No trimestre de agosto a outubro, segundo dados da Pnad Contínua, quase 65 milhões de brasileiros estão em empregos que não são formais. Eles foram divididos entre “trabalhadores informais” (39 milhões de trabalhadores informais) e “trabalhadores por conta própria” (25,4 milhões de pessoas). A taxa de informalidade ficou em 39,1% da população ocupada. Além disso, o número de trabalhadores sem carteira assinada atingiu os 13,4 milhões, recorde histórico.
Já uma matéria da revista Piauí, de julho deste ano, revelou que a proporção de trabalhadores informais que passam fome é o triplo da de trabalhadores formais. No ano passado, 21% das pessoas que trabalhavam sem carteira assinada passavam fome. Entre os trabalhadores formais, a taxa ficou em 7%.
VELHO ESTADO ISENTA RICOS DE IMPOSTOS
Em estudo realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) em 2021 mostrou que, no ano de 2020, o velho Estado deixou de arrecadar até R$ 134 bilhões da indústria e R$ 125 bilhões das empresas de varejo em impostos sonegados. Entre as empresas mais sonegadoras de impostos no Brasil, estão a Ambev, a Vivo, o Grupo Pão de Açúcar e a Vale. Nenhum dos “CEO’s” dessas mega empresas foram presos por sonegar impostos. Além disso, o velho Estado faz de tudo para as empresas imperialistas instalarem suas fábricas e explorarem os brasileiros: fornecem subsídios, isentam de impostos, extinguem leis trabalhistas.
Já ao povo, que na falta de empregos formais e dignos, recorrem ao trabalho informal, por conta própria, é imposta a fiscalização, aplicação de multas, roubo de mercadorias e prisão caso se revoltem contra essa situação.
Imagem em destaque: Vendedores informais do Brás se rebelam contra Receita Federal após terem suas mercadorias roubadas. Foto: Reprodução