Operários da fábrica de alumínio Latasa fizeram uma paralisação de duas horas exigindo seus direitos e melhores condições de trabalho, no dia 11 de julho, em Pindamonhangaba (SP). Eles denunciam que em diversos setores não há máquinas e ferramentas adequadas para a produção, e que a empresa tem se recusado a participar das negociações sobre o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
A empresa tem imposto condições desumanas de trabalho aos funcionários: na fabricação de vergalhões, a máquina que abastece o forno está quebrada há três semanas e os trabalhadores estão tendo que fazer o serviço de forma braçal, com pá. No setor de produção de placas também faltam ferramentas adequadas para fazer o serviço. Os operários também denunciam assédio moral por parte da empresa com os trabalhadores.
Enquanto os trabalhadores são submetidos a condições extremamente precárias de trabalho, a Latasa acumula rios de lucros com os sucessivos recordes na produção, resultado justamente da superexploração dos operários. Em junho, a produção foi de 7.069 toneladas de material em um único mês, 176 toneladas a mais que o último recorde, em 2021.
Os operários destacaram que continuarão a lutar até conquistarem seus direitos. Eles afirmam que já arrancaram outras melhorias nas condições de trabalho após realizarem mobilizações como a atual.
Explosão de greves
A mobilização dos operários da Latasa é parte de uma ascendente de greves com tendência à explosão de revoltas. Na mesma cidade, centenas de trabalhadores da fábrica de alumínio e cobre Elfer afirmaram que entrarão em greve caso a empresa se recuse a pagar o PLR. De acordo com os operários, a empresa está há meses enrolando as discussões sobre o PLR, e tem apenas apresentado propostas insuficientes no mesmo valor que o ano passado.
Também recentemente, em outra região de SP, no dia 4 de julho, dezenas de operários em greve em uma fábrica da Mercedes-Benz, em Campinas, protestaram contra a terceirização de diversos setores da empresa. A medida deve afetar cerca de 500 operários e 305 trabalhadores já estão sob risco de demissão.
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Trabalhadores dizem basta à exploração
Relatórios recentes, como o do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) de junho, revelam que o número de greves desde o início do ano têm sido expressivo nos mais diversos setores. Diante da alta no custo de vida e piora das condições de trabalho, as greves, paralisações, manifestações e demais formas de luta, realizadas de forma combativa, independente e classista, desempenham o papel de obter pela máxima pressão as suas exigências.
Esse aumento do número de mobilizações no primeiro semestre de 2023 aponta para a radicalização dessas lutas e a explosão de revoltas.
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