O Censo da População em Situação de rua de 2019, da prefeitura de São Paulo, constatou que 24.344 pessoas estão morando nas ruas da cidade. Em 2015, data do último levantamento, eram 15.905 moradores em situação de rua. Segundo a pesquisa feita pela empresa Qualitest Ciência e Tecnologia, das 24.344 pessoas em situação de rua, 11.693 delas estão acolhidas e 12.651 estão em logradouros públicos ou na rua.
O crescimento da população de rua acompanhou o ritmo da maior crise do capitalismo burocrático do país, especialmente entre os anos de 2014 a 2016. De lá para cá, a economia segue no fundo do poço com dezenas de milhões no desemprego e na informalidade, além dos cortes nos direitos, nos benefícios sociais e na assistência para quem precisa, acelerado no governo do reacionário Bolsonaro e generais.
Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 31/01, o Brasil encerrou o quarto trimestre de 2019 com 11,6 milhões de desempregados (números subestimados, pois não contam os “desalentados” e “subocupados”) e mais de 38 milhões de brasileiros no trabalho informal sem renda fixa, sem direitos trabalhistas, sem carteira de trabalho e vivendo de “bico”.
O quadro dramático da população que perambula pelas ruas de São Paulo é o reflexo da situação do maior parque industrial do país, responsável por mais de 34% do total da indústria brasileira. Em novembro, a produção industrial paulista caiu 2,6%. De janeiro a outubro, a indústria paulista fechou 12,5 mil vagas, segundo dados da Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp).
Uma pesquisa identificou que do total de pessoas abordadas, a maioria é do sexo masculino, chegando a 85%. Quanto à idade, a faixa etária com o maior número de pessoas é entre 31 e 49 anos, conformando 46,6% do total. Com relação à cor declarada, 47,6% se consideram pardos. Além disso, o levantamento registrou que 45% desta população estão localizadas na Subprefeitura da Sé e 19% na Mooca. As subprefeituras de Parelheiros, Sapopemba e Perus registraram a menor concentração (0,07%).
Há 10 anos, Francisco Marques, 32 anos, trabalhava na construção civil no interior de São Paulo. Mas, desde o começo do ano, não consegue mais emprego. Veio para capital tentar arranjar trabalho, mas desde que chegou não tem onde morar.
“Eu vim a procura de emprego e de uma vida melhor. Só encontrei tragédia. Estou desempregado, não estou conseguindo arrumar emprego. Fiquei uma noite na rua, quase fui roubado. Aí eu fui para assistência social lá no Tietê, pedi ajuda, eles me botaram na fila para o albergue, mas quero ir pra casa, não estou aguentando. Estou há um mês nessa vida, não estou aguentando”, desabafa Francisco.
Moradores de rua dormem na Praça da República, no centro de São Paulo. Foto: Hora do Povo