Com o reestabelecimento da Operação Escudo no Guarujá, litoral de São Paulo, neste último dia 28/01, a PM de São Paulo matou mais duas pessoas durante as operações policiais. Somado às operações escudo anteriores o número de mortos sobe para 38 em um período de seis meses.
As operações escudo no litoral paulista tem ocorrido desde o ano passado na forma de operações de vingança, após a morte de um policial da Rota na Baixada Santista. Inicialmente, as operações foram justificadas com base na afirmação de que o tiro havia partido de uma arma apreendida na região, mas laudos apontaram que o tiro não partiu da pistola sinalizada pela PM. As primeiras operações escudo ficaram marcadas por torturas a moradores, assassinatos de trabalhadores em frente a seus filhos e invasões de casas de forma generalizada.
Desde o dia 21 de janeiro mais cinco operações escudos foram desatadas no estado de São Paulo com o objetivo de dar vazão aos assassinatos, torturas e prisões arbitrárias cometidos pelas tropas de policiais militares. Práticas como essas são recorrentes em operações policiais nas favelas brasileiras, e atingem vultos ainda maiores nas chamadas “operações de vingança”, em que os policiais aplicam o máximo de violência a fim de impôr o terror absoluto contra os moradores.
Como resultado, no último dia 28, conforme informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), mais duas pessoas foram mortas no litoral paulista na 3° operação escudo deflagrada na região. A primeira operação (ocorrida em julho do ano passado) foi responsável pela morte de 28 pessoas, maior chacina perpetrada pela PM desde a Chacina do Carandiru (1999). A segunda operação ocorrida no período de setembro do ano passado ocasionou mais oito mortes.
O Ministério Público determinou a prisão de dois policiais que participaram da primeira operação no Guarujá. Ficou comprovado que os policiais adulteraram cenas do crime e forjaram provas em Boletins de Ocorrência. Diversas organizações de direitos humanos que tiveram acesso aos boletins de ocorrência também verificaram diversas irregularidades. As prisões, longe de efetivamente punir todos os responsáveis pelas chacinas, comprovam que as Operações Escudo incentivam policiais militares a executar “suspeitos” alegando que houve confronto.
A política de extermínio do povo do governo de Tarcísio
Chancelada pelo ex-capitão da Rota Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública de São Paulo, as operações escudo operam enquanto a política de extermínio da população pobre de São Paulo.
Aplicando as práticas da extrema-direita, Tarcísio busca, ao mesmo tempo, aplicar o máximo de terror contra as massas faveladas como forma de prevenir quaisquer manifestações e mobilizações contra a piora das condições de vida sob seu governo e, dentro das fileiras das tropas militares, consolidar ainda mais sua base política.
Nesta semana, Tarcísio aplicou este princípio prometendo aumentar o efetivo da PM com mais 12 mil policiais militares na região central da capital paulista, em resposta fracassada aos conflitos que acontecem nos bolsões de miséria de usuários de crack.
“Iremos mobilizar os policiais da reserva para as funções administrativas para colocar o efetivo das funções administrativas na rua”, afirmou para o monopólio de imprensa.
O ostensivo policiamento prometido, política aplicada desde o início do seu mandato, se comprova muito mais uma sanha reacionária do que uma efetiva política de segurança pública. Não houve redução de índice algum de criminalidade no estado, uma vez que nenhuma das razões reais desse fenômeno (a educação precária, o elevado desemprego, a pobreza crescente e a alta constante nos preços) foi solucionada.
Enquanto isso, aumentam-se os crimes contra o povo, as rondas constantes e os enquadros ostensivos, todos elementos inflamáveis para uma rebelião popular contra a violência policial.