João Doria (PSDB), cortou 30% do orçamento da Fapesp, prejudicando e sucateando assim toda a área de pesquisa científica do estado de São Paulo. Foto: Governo de SP
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que ante a pandemia se mostrou tão avesso ao negacionismo de Jair Bolsonaro, se revelou não tão diferente desse último, afinal. Acompanhando o governo federal no desmonte da ciência brasileira, Doria promoveu o corte de 30% do orçamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), instituição que financia bolsas e investe em pesquisas científicas, que compreende, inclusive, a maior parcela das atividades de produção de vacinas no Instituto Butantan. O governador tirou R$ 454 milhões do montante de R$ 1,5 bilhão anteriormente previsto para a entidade, de acordo com a Lei Orçamentária Anual aprovada pela Assembleia Legislativa.
O corte foi realizado mesmo após Doria prometer, no fim de novembro, em vídeo gravado com o presidente da Fapesp, não desvincular recursos da instituição. “Vamos somar forças em investimentos na pesquisa, na ciência e na tecnologia, sem gerar prejuízo à Fapesp”, havia assegurado o governador no registro.
Acadêmicos e cientistas ressaltam que a redução em 30% dos investimentos da Fapesp é um retrocesso, posto que, tal como no caso dos recursos condicionados a orçamento complementar do governo federal, as pesquisas científicas fomentadas em São Paulo correm risco de se tornarem reféns das canetadas do Executivo. Segundo Hernan Chaimovich, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a autonomia da Fapesp não poderia ser atropelada pelo projeto de lei do orçamento, visto que a cada ano a entidade teria que negociar um adicional com o governo.