Entregadores de São José dos Campos fazem greve histórica. Foto: Reprodução
Após seis dias de greve, cerca de 3 mil entregadores da cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo, conseguiram que a empresa de entregas iFood recebesse representantes dos trabalhadores para ouvir suas exigências. A greve acabou se tornando a mais longa da história da categoria no país.
Os trabalhadores da cidade aderiram a Greve Nacional Contra o Terrorismo dos Aplicativos, ocorrida no dia 11 de setembro em todo o país. Contudo os entregadores de São José dos Campos decidiram seguir com a greve até que suas exigências fossem atendidas. Com isso, estenderam a paralisação até o dia 16/09, data em que o iFood, empresa que domina o mercado de entregas na cidade, cedeu e teve que aceitar se reunir no dia 28/09 com os entregadores para ouvir as exigências destes, além disso a empresa prometeu manter uma promoção de R$ 3 para os entregadores.
As principais exigências dos entregadores em greve são: que o valor seja pago por quilômetro ou por entrega; que seja decretado o fim dos bloqueios indevidos de trabalhadores no aplicativo; que se exija um código de confirmação nas entregas; e pela melhoria dos pontos de descanso na cidade.
Altemício Nascimento, um dos entregadores que aderiram a greve disse que a luta não acabou: “Não é que acabou a greve. A gente vai dar uma trégua. O iFood mandou uma promoção, e vamos ver no dia 28 se eles concretizam tudo. Se não, os caras vão parar de novo. E vão puxar uma greve nacional.”
Para conseguirem manter a greve, os trabalhadores organizaram uma vaquinha (arrecadação) online e receberam doações para que pudessem continuar com a luta. O movimento ganhou bastante apoio da população e de donos de bares e lanchonetes da cidade, que pressionaram o Ifood para que atendesse as demandas dos trabalhadores.
Novos embates da luta de classes
A organização e luta crescente dos entregadores, acontece num momento de profunda crise econômica e política no país. Ao mesmo tempo que as empresas e o governo aumentam os níveis de exploração, para sustentarem seus lucros, os trabalhadores que estão sendo gravemente afetados pelos altos preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, cada vez mais estão sendo obrigados a irem à luta pela sua própria sobrevivência.
A luta dos entregadores vem sendo divulgada nas páginas do AND há alguns anos. Recentemente, a matéria A exploração brutal sobre os ‘trabalhadores de aplicativos’ da edição 242 apontou que tais lutas “Tratam-se de novos embates da luta de classes. Tal categoria, formada por filhos e netos dos operários fabris lançados ao desemprego e às atividades secundárias pela crescente desindustrialização, pode e deve se apoiar nas melhores tradições do movimento operário.