No dia 9 de fevereiro a cidade de São Paulo foi atingida por uma forte chuva que fez rios transbordarem, provocou deslizamentos, dezenas de alagamentos, paralisou o transporte público e travou o trânsito da capital. Várias pessoas perderam tudo que tinham e seis delas perderam a vida. O evento trouxe à tona o fato do governo de São Paulo ter, ao longo de dez anos, deixado de usar a verba disponível para o combate e prevenção de enchentes no estado.
De 2010 a 2019, o governo do estado deixou de usar 42% da verba contra enchentes, o equivalente a mais de R$ 2,5 bilhões, apontou o levantamento feito pelo monopólio da imprensa Globonews.
O estudo mostra ainda que, entre os anos citados, apenas R$ 3,6 bilhões dos R$ 6,2 bilhões previstos para serem investidos em ações preventivas foram utilizados.
A falta de investimento é um problema típico dos governos de turno federais, estaduais e municipais.
Segundo afirma o biólogo e vice-presidente do Instituto Democracia e Sustentabilidade, João Paulo Capobiano, “na verdade, isso é uma característica das ações do governo nas atividades que não ocorrem ao longo de todo o ano, ou seja, só se lembra dos problemas das enchentes quando? Na época das chuvas”.
Ele prossegue: “Depois vem o período seco, outras prioridades surgem, o governo deixa de atuar no planejamento, na ação preventiva permanente, para voltar a atuar no período de crise. Isso é uma característica do serviço público brasileiro, que não incorpora de forma permanente e organizada essas questões que dizem respeito, inclusive, às mudanças climáticas”, disse o cientista.
Enchentes deixaram a cidade de São Paulo debaixo d’água. Foto: Anderson Lira